sexta-feira, 24 de agosto de 2012


GETÚLIO VARGAS REVISITADO

Em 24 de agosto de 1954, passados, portanto, 58 anos, Getúlio Vargas, então Presidente da República, matava-se, com um tiro no peito. Homem de história de vida contraditória: governara o Brasil durante 15 anos, sob duríssimo regime ditatorial. Simpatizante dos ideais nazi-fascistas – tal qual Peron na Argentina, Franco na Espanha e Salazar, em Portugal – somente aquiesceu com a entrada de nosso País, como aliado, na Segunda Guerra Mundial, por pressão dos Estados Unidos. Mesmo assim, pragmático que era, negociou tal adesão, recebendo, em troca, os meios necessários para a construção da Hidrelétrica de Paulo Afonso e a Companhia Siderúrgica Nacional, marcos do inicio do processo de industrialização do País. Como não tinha apoio da alta burguesia da época, representada, em especial, pelo agronegócio, alicerçou seu prestígio nas camadas populares, estimulando a formação do sindicalismo e, para tanto, fez elaborar nossa primeira legislação trabalhista consolidada, que retirou o trabalhador brasileiro do regime de semi-escravidão. Nesse período ditatorial, em que pese a dureza com que tratava seus adversários, foi excelente governante, tanto assim que, recomposta a democracia em 1945 e apeado ele do Poder, na  primeira eleição subsequente foi eleito Senador, concomitantemente, por vários Estados da Federação, excrescência, que a legislação eleitoral da época permitia. Em 1950, derrota, em eleições diretas, o Brigadeiro Eduardo Gomes, herói de guerra e candidato da média e alta burguesia. Mas seu novo Governo demonstrou sua incompatibilidade com a Democracia. Pessoalmente honesto,permitiu que a corrupção grassasse, dando origem ao que ficou conhecido como "mar de lama". Passou a ser atacado pela grande Imprensa e pelo mais importante partido de oposição – a UDN – e seu líder maior, Carlos Lacerda, que tinha o apoio das Forçar Armadas, em particular, da Aeronáutica. Não suportando as críticas, denuncias e pressões que, fatalmente levariam a sua deposição, Vargas optou pelo suicídio, o que o transformou em verdadeiro mártir. Outros tempos, em que os homens públicos defendiam a honra com a própria morte. Apesar de suas contradições, Vargas escreveu seu nome na história, com tintas definitivas.

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