GETÚLIO VARGAS REVISITADO
Em 24 de agosto de 1954, passados,
portanto, 58 anos, Getúlio Vargas, então Presidente da República, matava-se, com
um tiro no peito. Homem de história de vida contraditória: governara o Brasil durante
15 anos, sob duríssimo regime ditatorial. Simpatizante dos ideais
nazi-fascistas – tal qual Peron na Argentina, Franco na Espanha e Salazar, em
Portugal – somente aquiesceu com a entrada de nosso País, como aliado, na
Segunda Guerra Mundial, por pressão dos Estados Unidos. Mesmo assim, pragmático
que era, negociou tal adesão, recebendo, em troca, os meios necessários para a
construção da Hidrelétrica de Paulo Afonso e a Companhia Siderúrgica Nacional, marcos
do inicio do processo de industrialização do País. Como não tinha apoio da alta
burguesia da época, representada, em especial, pelo agronegócio, alicerçou seu
prestígio nas camadas populares, estimulando a formação do sindicalismo e, para
tanto, fez elaborar nossa primeira legislação trabalhista consolidada, que
retirou o trabalhador brasileiro do regime de semi-escravidão. Nesse período
ditatorial, em que pese a dureza com que tratava seus adversários, foi excelente
governante, tanto assim que, recomposta a democracia em 1945 e apeado ele do
Poder, na primeira eleição subsequente
foi eleito Senador, concomitantemente, por vários Estados da Federação, excrescência,
que a legislação eleitoral da época permitia. Em 1950, derrota, em eleições diretas,
o Brigadeiro Eduardo Gomes, herói de guerra e candidato da média e alta
burguesia. Mas seu novo Governo demonstrou sua incompatibilidade com a Democracia.
Pessoalmente honesto,permitiu que a corrupção grassasse, dando origem ao que
ficou conhecido como "mar de lama". Passou a ser atacado pela grande Imprensa
e pelo mais importante partido de oposição – a UDN – e seu líder maior, Carlos
Lacerda, que tinha o apoio das Forçar Armadas, em particular, da Aeronáutica. Não
suportando as críticas, denuncias e pressões que, fatalmente levariam a sua deposição,
Vargas optou pelo suicídio, o que o transformou em verdadeiro mártir. Outros
tempos, em que os homens públicos defendiam a honra com a própria morte. Apesar
de suas contradições, Vargas escreveu seu nome na história, com tintas
definitivas.
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