“A educação ladeira
abaixo”
Duas notícias, separadas uma da outra, mas
interligadas pelo seu objeto, deveriam merecer especial atenção daqueles que
pensam o Brasil, como integrante dos países desenvolvidos. A primeira nos dá
conta de que as escolas públicas de ensino médio alcançaram índices insuficientes,
na última edição do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). A
segunda, refere-se à aprovação pelo Congresso Nacional de lei, reservando cinquenta
por cento das vagas, nas Universidades, para alunos egressos do ensino público.
A conclusão é simples: metade dos alunos do ensino superior virá com uma formação
“insuficiente”, do que resultará ou o abandono dos cursos, por incapacidade de
acompanhá-los, ou a formação de profissionais que, pela sua “insuficiente”
qualificação, encontrarão intransponíveis obstáculos para ingressar no mercado
de trabalho. O próximo passo, para culminar a sandice governamental, será criar
uma reserva de mercado para esses “insuficientes”. Por exemplo, metade das
vagas, para ingresso na Magistratura, seria reservada aos “insuficientes”,
formados em Direito, assim como a metade das vagas nas residências de Medicina
ficaria à disposição dos “insuficientes”, formados em Medicina. O “Sistema de
quotas” já é a mais odiosa e ilegal discriminação instituída no Brasil. Odiosa, porque prejudica milhares de
estudantes dedicados, que abandonaram seus lazeres, para se prepararem, de
forma adequada, para a vida profissional. Ilegal,
porque fere o princípio da igualdade, a mais importante cláusula pétrea, esculpida
em nossa Constituição. O ensino fundamental e o ensino médio públicos, de longa
data, foram abandonados pelos diferentes níveis de Governo. E esses, por
incapacidade e desinteresse optam por soluções demagógicas, como a implantação
do sistema de quotas. Perde o Brasil, porque, por óbvio, alunos “insuficientes”
geram profissionais “insuficientes” e o mercado de trabalho – pelo menos,
enquanto nele o Governo não interferir – exige mão-de-obra cada vez mais
qualificada. Infelizmente, para nossos governantes, a trama da “novela das nove”
– que até já foi capa de revista semanal – é mais importante do que o
desenvolvimento tecnológico do País.
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