sexta-feira, 17 de agosto de 2012


“A educação ladeira abaixo”

Duas notícias, separadas uma da outra, mas interligadas pelo seu objeto, deveriam merecer especial atenção daqueles que pensam o Brasil, como integrante dos países desenvolvidos. A primeira nos dá conta de que as escolas públicas de ensino médio alcançaram índices insuficientes, na última edição do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). A segunda, refere-se à aprovação pelo Congresso Nacional de lei, reservando cinquenta por cento das vagas, nas Universidades, para alunos egressos do ensino público. A conclusão é simples: metade dos alunos do ensino superior virá com uma formação “insuficiente”, do que resultará ou o abandono dos cursos, por incapacidade de acompanhá-los, ou a formação de profissionais que, pela sua “insuficiente” qualificação, encontrarão intransponíveis obstáculos para ingressar no mercado de trabalho. O próximo passo, para culminar a sandice governamental, será criar uma reserva de mercado para esses “insuficientes”. Por exemplo, metade das vagas, para ingresso na Magistratura, seria reservada aos “insuficientes”, formados em Direito, assim como a metade das vagas nas residências de Medicina ficaria à disposição dos “insuficientes”, formados em Medicina. O “Sistema de quotas” já é a mais odiosa e ilegal discriminação instituída no Brasil. Odiosa, porque prejudica milhares de estudantes dedicados, que abandonaram seus lazeres, para se prepararem, de forma adequada, para a vida profissional. Ilegal, porque fere o princípio da igualdade, a mais importante cláusula pétrea, esculpida em nossa Constituição. O ensino fundamental e o ensino médio públicos, de longa data, foram abandonados pelos diferentes níveis de Governo. E esses, por incapacidade e desinteresse optam por soluções demagógicas, como a implantação do sistema de quotas. Perde o Brasil, porque, por óbvio, alunos “insuficientes” geram profissionais “insuficientes” e o mercado de trabalho – pelo menos, enquanto nele o Governo não interferir – exige mão-de-obra cada vez mais qualificada. Infelizmente, para nossos governantes, a trama da “novela das nove” – que até já foi capa de revista semanal – é mais importante do que o desenvolvimento tecnológico do País.

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