“Cessa tudo o quanto a
antiga musa canta, que valor mais alto
se alevanta”. Os mais apressados e
metidos a intelectuais dirão que se trata de verso do primeiro canto do poema
épico “Os Lusíadas”, de nosso velho
conhecido bardo português,. Luiz de Camões. Ledo engano, meus caros. “Cessa
tudo”, hoje, 4ª feira, 10 de maio, significa para o País, porque é o encontro marcado, entre Lula e Sergio Moro,
ou ao contrário. Não se fala em futebol: os corintianos esquecem o título
conquistado, os pregadores da Praça da Sé calam seus gritos e até Rodolfo, o
meu politizado pastor alemão, recolhe-se a seu canto e mal me dirige o olhar, quando
fecho o portão, de saída para o escritório. As pombas que, em dia normal,
passeariam pela rua, em busca de farelos de alguma coisa, restam estáticas,
enfileiradas nos fios condutores de eletricidade, lembrando o ante clímax de “Os Pássaros” de Hitchcok. O silêncio ensurdecedor tem,
como única explicação, o duelo, de logo mais, entre Lula e Sergio Moro, ou,
vice versa. Quem vencerá? Quem dará o primeiro soco? As bolsas de aposta
fizeram suspender o pregão da “BMF”.
Será uma luta limpa, com os contendores, armados apenas da verdade, buscando um
resultado justo ou, ao contrário, valerá tudo, desde chute no saco, até
espremer limão no olho do adversário? Eu, cá de mim, já vivendo a idade da
descrença, com as coisas cá da terra, recolho-me à mesa de trabalho e vou
cuidar dos meus afazeres, tantos os são em época de crise. Sergio Moro entra
enfraquecido no “octógono”: permitiu
que Lula arrolasse cerca de 90 testemunhas, como se todas elas tivessem
participado ou tomado conhecimento dos delitos, atribuídos ao ex-presidente.
Serão, com certeza, o que chamamos em nosso jargão profissional, “testemunhas
de santidade”, aquelas que, mesmo desconhecendo os fatos, comparecem a
juízo para afirmarem, sob as penas da lei, que o réu é bom sujeito,
trabalhador, excelente pai de família, amigo dos amigos, sem inimigos, ajuda os
pobres etc, etc. Lula, no outro “corner”,
chega fortalecido: já faz campanha para presidente e até ameaça de prisão seu
adversário. Além do mais, seus simpatizantes esgotaram os ingressos para o
confronto e, por certo, gritarão palavras de incentivo a seu líder. Até o final
da dia saberemos quem venceu, mas desconfio que, na verdade, o grande perdedor
será o Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário