quarta-feira, 10 de maio de 2017

A luta do ano (inspirado na capa da “Veja” do último fim de semana)



Cessa tudo o quanto a antiga musa canta, que valor  mais alto se alevanta”.  Os mais apressados e metidos a intelectuais dirão que se trata de verso do primeiro canto do poema épico “Os Lusíadas”, de nosso velho conhecido bardo português,. Luiz de Camões. Ledo engano, meus caros. “Cessa tudo”, hoje, 4ª feira, 10 de maio, significa para o País, porque é  o encontro marcado, entre Lula e Sergio Moro, ou ao contrário. Não se fala em futebol: os corintianos esquecem o título conquistado, os pregadores da Praça da Sé calam seus gritos e até Rodolfo, o meu politizado pastor alemão, recolhe-se  a seu canto e mal me dirige o olhar, quando fecho o portão, de saída para o escritório. As pombas que, em dia normal, passeariam pela rua, em busca de farelos de alguma coisa, restam estáticas, enfileiradas nos fios condutores de eletricidade, lembrando o ante clímax de “Os Pássaros  de Hitchcok. O silêncio ensurdecedor tem, como única explicação, o duelo, de logo mais, entre Lula e Sergio Moro, ou, vice versa. Quem vencerá? Quem dará o primeiro soco? As bolsas de aposta fizeram suspender o pregão da “BMF”. Será uma luta limpa, com os contendores, armados apenas da verdade, buscando um resultado justo ou, ao contrário, valerá tudo, desde chute no saco, até espremer limão no olho do adversário? Eu, cá de mim, já vivendo a idade da descrença, com as coisas cá da terra, recolho-me à mesa de trabalho e vou cuidar dos meus afazeres, tantos os são em época de crise. Sergio Moro entra enfraquecido no “octógono”: permitiu que Lula arrolasse cerca de 90 testemunhas, como se todas elas tivessem participado ou tomado conhecimento dos delitos, atribuídos ao ex-presidente. Serão, com certeza, o que chamamos em nosso jargão profissional,  testemunhas de santidade”, aquelas que, mesmo desconhecendo os fatos, comparecem a juízo para afirmarem, sob as penas da lei, que o réu é bom sujeito, trabalhador, excelente pai de família, amigo dos amigos, sem inimigos, ajuda os pobres etc, etc. Lula, no outro “corner”, chega fortalecido: já faz campanha para presidente e até ameaça de prisão seu adversário. Além do mais, seus simpatizantes esgotaram os ingressos para o confronto e, por certo, gritarão palavras de incentivo a seu líder. Até o final da dia saberemos quem venceu, mas desconfio que, na verdade, o grande perdedor será o Brasil.

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