Pequena reflexão sobre sucessão
empresarial
Outro dia, participando de uma reunião, assessorando um de
meus melhores clientes, este afirmou a terceiros participantes que não
envolveria sua empresa em negócios que não fossem absolutamente transparentes,
dentre outros motivos porque pretendia fazer de sua filha, ambos com a mesma
formação técnica, sua sucessora. A sucessão empresarial é um dos grandes
problemas a desafiar os que se debruçam sobre o tema, principalmente quando se
sabe, segundo dados do IBGE, que 90% das empresas são de origem familiar e,
dessas, menos de 20% sobrevivem à segunda geração. A idéia de se contratar
executivos de ponta para dirigir essas empresas familiares parece seduzir os
especialistas no assunto. Os que torcem o nariz para essa alternativa
argumentando que o executivo, por mais competente que seja, não tem o “compromisso subjetivo” com a empresa e,
por falta desse vínculo, abandoná-la-á tão logo receba proposta financeira de
terceiro. Vivi experiência bem interessante: durante cerca de 15 anos prestei
assessoria jurídica a Eucatex, então dirigida pelo Dr. Roberto Maluf. Homem
extremamente simples, com longa visão empresarial, fez do conglomerado um dos
mais importantes do País. No final dos anos 90 – creio, em 1997 – teve que se
afastar e, a partir daí, a Eucatex, dirigida pelo seu sobrinho, Flávio Maluf,
foi perdendo espaço no mercado e, hoje, ao que consta, está em recuperação
judicial. A meu modesto juízo, o
importante é o “poderoso chefão” ter
a consciência de que não é eterno e planejar, com antecedência, sua sucessão,
como, aliás, fez Amador Aguiar em seu Bradesco. Li, em um artigo, cujo autor
não me recordo, uma afirmação incontestável: “ter direito a uma herança não significa ter um emprego. Para ocupar um
cargo é preciso competência.”
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