As agruras da dieta compulsória
Quando alguém nos diz – “você
está bem”, na verdade quer dizer – “você
está bem gordo”. Já tinha constatado meu excesso de peso nas camisas
apertadas e nas calças, que teimavam em dobrar na cintura. Subi na balança
apenas para constatar o quanto engordara: seis quilos acima do máximo permitido
pela minha idade. Não tive outra alternativa senão cortar as três delicias da
vida (a quarta a idade encarregara-se de suprimir): o doce – qualquer um – a
cerveja e os carboidratos, de modo geral. A dieta tem sido sacrifício maior do
que assistir aos jogos da nossa seleção. Agora, dei para ter alucinações: nesta
última noite sonhei que estava nadando em um lago de goiabada em calda, cuja
margem estava rodeada de costeleta de porco. Acordei suando e corri à
geladeira: apenas um imbebível guaraná zero e um queijo branco, com gosto de
coisa alguma. Sono perdido, abro um livro para esquecer meu sofrimento. Inútil:
vinte páginas adiante tive que voltar à primeira, pensamento voltado para o
doce e para a costeleta. Abatido e humilhado, voltei à geladeira e bebi um
pouco do insosso refrigerante e comi uma fatia do desprezível queijo. Como
dizia Vinicius: “são demais os perigos
desta vida...”.
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