terça-feira, 16 de outubro de 2012


O ENGODO CHAMADO SEGUNDO TURNO

Começa, agora, a batalha do segundo turno, que eu prefiro chamar o turno da prostituição. É o momento das uniões espúrias, dos conchavos, das negociatas. É o “vale tudo” para ganhar as eleições. E o pior é que o eleitor é envolvido nesta promiscuidade, mesmo não o querendo ser. No primeiro turno, vota-se no candidato escolhido, por este ou aquele motivo. No segundo turno, vota-se por rejeição. Como se sabe, o segundo turno surgiu por causa de Paulo Maluf. Se olharmos para o passado político, em havendo apenas um turno, Maluf bateria Erundina na eleição municipal, como bateria Covas na eleição estadual. Foi exatamente para impedir tal fato que se engendrou um segundo turno, sob o pretexto de que o vencedor deveria ter 50% mais um dos votos. Tal exigência não existia na Constituição de 1946, tanto assim é que Juscelino se elegeu com cerca de 40% dos votos, na eleição de 1955. A Carta Magna de 1967, outorgada pelo regime militar, também não contemplava essa exigência, que seria modificada, em nome do casuismo, como, via de regra, acontece no Brasil. Para o eleitor fica a frustração de ser obrigado a votar em quem desprezou no primeiro turno, ou por não comungar com suas ideias, ou por divergir de seu comportamento. Resta a alternativa do voto em branco, que não é bom para a democracia e deixa, no eleitor, uma sensação de vazio. O noticiário dá-nos conta de que, tanto Serra, quanto Haddad correram atrás dos perdedores, buscando apoio. É de se perguntar: o que oferecerão em troca? Como explicar às pessoas, medianamente lúcidas, que o inimigo de ontem, o desonesto de ontem, o sem ideias de ontem, possa ser o aliado de hoje? É certo que política não se faz com o fígado, como já disse alguém, mas, mais certo ainda é que também não se faz com troca de favores, quase sempre execráveis.

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