O ENGODO CHAMADO SEGUNDO TURNO
Começa, agora, a batalha
do segundo turno, que eu prefiro chamar o turno da prostituição. É o momento
das uniões espúrias, dos conchavos, das negociatas. É o “vale tudo” para ganhar
as eleições. E o pior é que o eleitor é envolvido nesta promiscuidade, mesmo
não o querendo ser. No primeiro turno, vota-se no candidato escolhido, por este
ou aquele motivo. No segundo turno, vota-se por rejeição. Como se sabe, o
segundo turno surgiu por causa de Paulo Maluf. Se olharmos para o passado político,
em havendo apenas um turno, Maluf bateria Erundina na eleição municipal, como
bateria Covas na eleição estadual. Foi exatamente para impedir tal fato que se
engendrou um segundo turno, sob o pretexto de que o vencedor deveria ter 50% mais
um dos votos. Tal exigência não existia na Constituição de 1946, tanto assim é
que Juscelino se elegeu com cerca de 40% dos votos, na eleição de 1955. A Carta Magna de 1967,
outorgada pelo regime militar, também não contemplava essa exigência, que seria
modificada, em nome do casuismo, como, via de regra, acontece no Brasil. Para o
eleitor fica a frustração de ser obrigado a votar em quem desprezou no primeiro
turno, ou por não comungar com suas ideias, ou por divergir de seu
comportamento. Resta a alternativa do voto em branco, que não é bom para a
democracia e deixa, no eleitor, uma sensação de vazio. O noticiário dá-nos conta
de que, tanto Serra, quanto Haddad correram atrás dos perdedores, buscando
apoio. É de se perguntar: o que oferecerão em troca? Como explicar
às pessoas, medianamente lúcidas, que o inimigo de ontem, o desonesto de ontem,
o sem ideias de ontem, possa ser o aliado de hoje? É certo que política não se
faz com o fígado, como já disse alguém, mas, mais certo ainda é que também não se
faz com troca de favores, quase sempre execráveis.
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