quarta-feira, 31 de outubro de 2012


COMO EXTRAIR PRAQZER DE UMA NOITE DE INSÔNIA


Um acontecimento imprevisto e desagradável (nada que não possa ser rapidamente superado), roubou-me o sono, tirando-me da cama às duas horas da madrugada. E, como sempre faço nessas ocasiões, refugiei-me na leitura, que me conduz a mundos distantes do problema, que me atormenta. Vinha eu da frustração intelectual dos “Cinqüenta Tons de Cinza”, badalado livro, que já vendeu cerca de dois milhões de exemplares, malgrado sua insuportável mediocridade, sobre a qual já falei aqui. Grande sucesso, mas enorme porcaria. Relembro Nelson Rodrigues: “A unanimidade é sempre burra.” Mas hoje, após a madrugada não dormida, quero falar de um livro que, por sorte, ganhei ontem do próprio autor e que me acompanhou até o romper do dia. Trata-se do “Anagrama” (editora Letras do Pensamento), de meu amigo, Desembargador Mario Antonio Silveira, para mim, muito mais importante como amigo do que como Desembargador, apesar de seu incontestável saber jurídico. Ele e eu sabemos separar os dois mundos, tanto assim é que, relatando um processo meu, não se constrangeu não se dando por impedido, do mesmo modo em que não se constrangeu em julgar contra meus interesses.
Mas, falo do livro “Anagrama”: para começar, é prefaciado pelo poeta Paulo Bomfim, o que não é para qualquer um. Se quiserem, pode ser uma ou várias histórias de amor, vividos e perdidos. Mas, se também quiserem, é a história de lutas internas e externas, que começa no interior da França, ao eclodir da segunda guerra mundial, passa pelo Rio de Janeiro e termina, quarenta anos depois, em um parque de Paris, num encontro, que poderia ser um reencontro, mas que o autor prefere perpetuar em lembranças físicas. Mario Antonio percorre lugares mágicos, no Rio dos anos 40 e até nos indica bons vinhos. Mais, não digo, para não tirar o prazer da leitura de um bom livro, “avis rara”, em tempo de tantos medíocres tons de cinza.

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