quinta-feira, 11 de outubro de 2012



COMEMORAÇÃO DO CINQUENTENÁRIO DO CONCILIO VATICANO II

Completa-se, hoje, 11 de outubro, meio século que o Papa João XXIII abriu o “Concilio Vaticano II”, que tinha como objetivo promover a modernização da Igreja de São Pedro. Apenas a título de exemplo, convém lembrar que a missa era, até então, rezada em latim e, a partir do Concílio, passou a sê-lo nos idiomas dos respectivos países. Naquele conclave, duas correntes se confrontaram: a tradicionalista, que não concordava com as mudanças, e a renovadora, que as entendia como absolutamente necessárias. O atual Papa, Bento XVI, uma das maiores inteligências e culturas produzidas pela Igreja, integrava a ala que pugnava pela modernização e que terminou tendo suas idéias prevalentes, abrindo espaço para seguidos aperfeiçoamentos. Vivia-se um período de grandes agitações políticas. A guerra fria atingia seu ponto mais crítico, com a tentativa dos Estados Unidos de desestabilizarem o Governo Fidel Castro, no episódio que ficou conhecido como “Baía dos Porcos”. No Oriente Médio, as relações de Israel com o mundo árabe começava a se deteriorar, degenerando, poucos anos depois, em conflitos, que perduram até nossos dias. Na América do Sul, a crescente ameaça comunista trazia inquietação e insegurança, o que faria com que países como Brasil, Argentina, Chile e Uruguai descambassem para regimes autoritários, com supressão das liberdades individuais. Por certo, a Igreja não podia ficar alheia a tais acontecimentos, voltada, exclusivamente, para sua missão espiritual. A evangelização deveria ter conceito mais abrangente, principalmente abraçando a necessidade de discutir e participar, de forma efetiva, das necessidades sociais dos menos favorecidos. Talvez tenha sido essa a principal vitória dos que, no Concílio, pregavam a modernização da Igreja. Não se tratava, é claro, de se imiscuir nas questões de Estado, mas, sim, tomar posição clara e firme naquelas, em que estava em jogo o exercício de uma vida digna, no conceito Tomista do termo. Deus não quer o ser humano vilipendiado, física e moralmente e esta lição foi expressamente ministrada por Cristo. Assim, a partir do Concílio, a Igreja “foi para as ruas”, em defesa da dignidade humana. Como não poderia deixar de ser, essa nova postura trouxe extremos. Iria surgir, por exemplo, uma “Igreja Progressista”, que chegou ao exagero de pregar um Cristo socialista, revolucionário armado. Como sói acontecer, com o tempo, principalmente sob o pontificado de João Paulo II, esses exageros foram extirpados e os que professaram visão tão equivocada, ou se voltaram para a verdadeira doutrina da fé, ou abandonaram o clero. O Sumo Pontífice, Bento XVI, com a autoridade de quem se filiou à ala modernizadora, vem, com extrema competência, recompondo os verdadeiros valores da Igreja Católica, demonstrando a necessidade de se valorizar a liturgia sem, no entanto, perder a percepção de que não podemos fechar os olhos para os necessidades de nossos semelhantes. A este ponto, convém trazer à colação a seguinte lição formulada por Bento XVI, em sua exortação apostólica “Sacramentum Caritatis”: “com efeito, quem participa na Eucaristia  deve empenhar-se na edificação da paz neste nosso mundo marcado por muitas violências e guerras e, hoje de modo particular, pelo terrorismo, pela corrupção que estão em contraste com a dignidade do homem, pelo qual Cristo derramou seu sangue, afirmando assim o valor de cada pessoa.” Felizmente, para nós, católicos, Bento XVI, passados 50 anos, persevera em sua vontade de modernizar a Igreja e, neste pastoreio, espera e exige nossa colaboração.

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