sexta-feira, 14 de setembro de 2012


Poderá a bicicleta ser meio de transporte?


O trânsito, já habitualmente lento, na grande e importante avenida da região dos "Jardins", parara, de vez, contrariando, até, a etimologia da palavra, vez que "transitar" e "parar" constituem, na verdade, antônimos. Alguns motoristas buzinavam, freneticamente, como se o próprio som da buzina tivesse a magia de abrir caminho. Outros falavam ao celular, provavelmente adiando compromissos ou comunicando inevitáveis atrasos. O da fila ao lado da minha pergunta-me o que
acontecera, esquecendo-se de que, ali, assim como ele, também nada sabia. De repente, os carros começam a se movimentarem, lentamente, "se arrastando que nem cobra pelo chão", como, um dia, cantou Gilberto Gil. Alguns metros adiante, estava a causa do congestionamento: encostado, ocupando uma faixa de rolamento, a ambulância do resgate socorria uma pessoa, já colocada na maca e, sobre o canteiro, que divide os dois lados da avenida, via-se uma bicicleta, absurdamente retorcida. De notar que, na faixa, onde estacionara a ambulância, estava pintado, no chão "ciclofaixa", o que permite deduzir que a vítima, ciclista, por ali trafegava, imaginando-se seguro, apesar do grande fluxo de veículo no início de uma tarde de quarta-feira. E,na sua ingênua segurança, foi atropelado. Segui adiante, conjecturando sobre a causa primeira de tão lamentável acidente, qual seja a utilização de bicicleta, como meio de transporte... Na verdade, o grande apelo do momento, no gênero "politicamente correto" é abdicar do carro, como meio de transporte e utilizar a bicicleta. Delas as há de todo tipo e preço, para atender a todos os segmentos da sociedade. A idéia não é de todo péssima, se não vivêssemos em uma cidade de 12 milhões de habitantes com 06 milhões de veículos circulando, dia e noite, por entre ruas e avenidas. Isto sem falar que São Paulo, por ter experimentado crescimento desordenado (o que não tem mais volta), talvez seja a mais acidentada, topograficamente falando, das  grandes cidades do País. Não vejo como alguém, por exemplo, morando na Aclimação, possa chegar à Avenida Paulista, dirigindo uma bicicleta. Da mesma forma, não vislumbro a possibilidade de um trabalhador, residente da zona leste e exercendo sua atividade na região de Santo Amaro, poder, de bicicleta, cobrir tamanha distância. Por certo, se conseguir fazê-lo, chegará tão extenuado, que seu rendimento será nenhum. O Prefeito Kassab, como engenheiro que o é, com certeza, pode dimensionar as citadas dificuldades, mas, exatamente em nome do
malfadado "politicamente correto", está espalhando ciclofaixas pela cidade, colocando em risco a vida dos próprios ciclistas, como no caso real, acima narrado. Rindo ou chorando, a cidade pertence aos automóveis e esses têm que ter a preferência em qualquer planejamento de trânsito. Que fiquem as bicicletas para o lazer, para os passeios de domingo, com alegria e segurança, pelas ruas desertas ou pelos inúmeros parques, que enfeitam nossa cinzenta Capital.

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