À exceção de ínfima
minoria, que pode prescindir dos planos de saúde e, nem de longe sujeitam-se ao
SUS, a verdade é que os serviços de saúde no Brasil vão se tornando cada vez
mais precários. Dou um exemplo pessoal: de longa data mantenho, para mim e
minha esposa, um plano de saúde, pelo qual pago mensalidade entorno de R$ 1.800,00.
Com a idade cobrando seu preço, fui acometido de crise de coluna. Atendido, em
um primeiro momento, num pronto-socorro, foi-me recomendado que procurasse uma clínica
especializada Consultado, o próprio plano indicou-me uma, situada na Avenida
Ibirapuera, o que, pela localização, presumia-se, fosse unidade médica de bom
padrão. Ledo engano. O prédio sujo, o atendimento, pior ainda. A consulta fora
marcada, por telefone, britanicamente, para as 16h15, com um determinado médico.
Cheguei com 15 minutos de antecedência e tive a primeira surpresa: o médico não
era o indicado no agendamento, mas outro. Com a educação de quem estudara
relações públicas na Suíça, a recepcionista informou-me que, ou era aquele ou
que eu voltasse a ligar outro dia, para fazer novo agendamento. Como não
conhecia nenhum dos dois (fora, literalmente, no "escuro"), concordei
com a mudança, preenchi e assinei a respectiva ficha e, pacientemente, sentei-me,
lendo uma revista antiga, enquanto aguardava minha vez. 45 minutos depois, como
não fora atendido e nem recebera qualquer justificativa para tal atraso (parece
que os médicos atrasam por puro marketing), dirigi-me à mesma recepcionista
dizendo que, face à demora e outros compromissos, eu iria embora. O que era de
se esperar? Que ela dissesse: "Tenha
um pouco mais de paciência, o senhor já vai ser atendido; o doutor fulano está
atendendo uma emergência”, ou qualquer outra desculpa, destas a que estamos
acostumados a ouvir, em casos semelhantes. Mas , lembrem-se, a recepcionista
tinha estudado na Suíça e, em silêncio, limitou-se a rasgar a ficha que eu
assinara e só não a atirou em minha cara, porque estava eu a uma protegida distância.
Antes desses fatos, a mesma recepcionista, quase agredira um senhor, mais idoso
do que eu, amparado em uma muleta, que procurava atendimento, portando o cartão
de seu plano de saúde que a recepcionista, sem qualquer educação, dizia não ser
coberto por aquela Clínica. O estado de humilhação, a que foi ele submetido, deixou-nos
a todos nós, sentados nos toscos bancos da sala de espera, tão constrangidos que
cada qual procurou disfarçar a seu jeito, uns fingindo ler, outros olhando para
o teto ou para o chão. Saí daquele local com grande alívio. Se na recepção, o
paciente-cliente é tratado com tamanho descaso, pode-se presumir como os
médicos prestam seus serviços. Antes que me esqueça: a quem interessar possa, a
malfadada Clínica chama-se "ALPHA
CENTER ORTOPEDIA” e, por cidadania, representarei contra ela no Conselho
Regional de Medicina.
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