sexta-feira, 21 de setembro de 2012


À exceção de ínfima minoria, que pode prescindir dos planos de saúde e, nem de longe sujeitam-se ao SUS, a verdade é que os serviços de saúde no Brasil vão se tornando cada vez mais precários. Dou um exemplo pessoal: de longa data mantenho, para mim e minha esposa, um plano de saúde, pelo qual pago mensalidade entorno de R$ 1.800,00. Com a idade cobrando seu preço, fui acometido de crise de coluna. Atendido, em um primeiro momento, num pronto-socorro, foi-me recomendado que procurasse uma clínica especializada Consultado, o próprio plano indicou-me uma, situada na Avenida Ibirapuera, o que, pela localização, presumia-se, fosse unidade médica de bom padrão. Ledo engano. O prédio sujo, o atendimento, pior ainda. A consulta fora marcada, por telefone, britanicamente, para as 16h15, com um determinado médico. Cheguei com 15 minutos de antecedência e tive a primeira surpresa: o médico não era o indicado no agendamento, mas outro. Com a educação de quem estudara relações públicas na Suíça, a recepcionista informou-me que, ou era aquele ou que eu voltasse a ligar outro dia, para fazer novo agendamento. Como não conhecia nenhum dos dois (fora, literalmente, no "escuro"), concordei com a mudança, preenchi e assinei a respectiva ficha e, pacientemente, sentei-me, lendo uma revista antiga, enquanto aguardava minha vez. 45 minutos depois, como não fora atendido e nem recebera qualquer justificativa para tal atraso (parece que os médicos atrasam por puro marketing), dirigi-me à mesma recepcionista dizendo que, face à demora e outros compromissos, eu iria embora. O que era de se esperar? Que ela dissesse: "Tenha um pouco mais de paciência, o senhor já vai ser atendido; o doutor fulano está atendendo uma emergência”, ou qualquer outra desculpa, destas a que estamos acostumados a ouvir, em casos semelhantes. Mas, lembrem-se, a recepcionista tinha estudado na Suíça e, em silêncio, limitou-se a rasgar a ficha que eu assinara e só não a atirou em minha cara, porque estava eu a uma protegida distância. Antes desses fatos, a mesma recepcionista, quase agredira um senhor, mais idoso do que eu, amparado em uma muleta, que procurava atendimento, portando o cartão de seu plano de saúde que a recepcionista, sem qualquer educação, dizia não ser coberto por aquela Clínica. O estado de humilhação, a que foi ele submetido, deixou-nos a todos nós, sentados nos toscos bancos da sala de espera, tão constrangidos que cada qual procurou disfarçar a seu jeito, uns fingindo ler, outros olhando para o teto ou para o chão. Saí daquele local com grande alívio. Se na recepção, o paciente-cliente é tratado com tamanho descaso, pode-se presumir como os médicos prestam seus serviços. Antes que me esqueça: a quem interessar possa, a malfadada Clínica chama-se "ALPHA CENTER ORTOPEDIA” e, por cidadania, representarei contra ela no Conselho Regional de Medicina.

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