Nasci e vivi, até os 15 anos, em cidade do interior de Minas
Gerais, onde, quando a temperatura chegava aos 25 graus, colocava-se pesadas
roupas de frio. Morando no Rio, certa feita, sobrinha pra lá de querida, em mês
de julho, convida-me para saborear um “fondue”. O frio ausente exigiu que o ar
condicionado fosse ligado. Conto isto para dizer que sempre fui, essencialmente,
bebedor de cerveja. Hábito que cultivo em domingos veranicos, tomando sol, no
quintal, cercado de cachorro, merecendo destacar que dois deles, Olavo e
Clóvis, são ávidos consumidores do “suco
de cevada”. Vinho mesmo, só me habituei a apreciar, quando após 12 anos de
Rio de Janeiro, retornei, para sempre a São Paulo. Aprecio os chilenos,
argentinos e espanhóis, ao alcance do meu bolso e, quantos aos franceses,
aventuro-me ao “Chateauneuf du Pape”.
Aprendi com Derivan, um dos maiores “barman”
de nossa Paulicéia, que vinho francês barato – menos que 01 mil reais – é inferior
a qualquer “Cassillero del Diablo”.
Apenas bebo vinho e acho frescura demais o cara frequentar um desses cursos e
ficar estalando os lábios, a discorrer sobre os componentes do vinho.
Sabedor de meu gosto por vinhos e de minha predileção por
livros sobre a 2ª guerra mundial,
ancestral cliente que se transformou em amigo fraterno, presenteou-me (ele
pensa que me emprestou) com o livro “Vinho
e Guerra”, que narra as artimanhas empregadas pelos principais produtores
franceses para impedirem que os nazistas se apoderassem de mais nobres vinhos.
É um passeio emocionante pelas maiores regiões viníferas francesas – Borgonha,
Bordeaux, Champagne, Vale de Loire – de onde foram desviadas cerca de 500 mil
garrafas das melhores safras para a adega de Göring e mais de 01 milhão para o “Ninho das Águias”, retiro de Hitler nos Alpes bávaros. Transcrevo deliciosa lição contida no livro:
“o vinho foi um dos
primeiros indícios de civilização a aparecer na vida dos seres humanos. Está na
Bíblia, está em Homero, fulgura através de todas as páginas da história,
participando do destino de homens de talento. Ele dá espírito aos que sabem
como saboreá-lo e pune os que o bebem sem comedimento”.
“Vinho e Guerra” é
um livro de história, de resistência ao opressor e, acima de tudo, de amor do
povo francês a seu maior tesouro.
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