terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Uma inevitável e dolorosa comparação

        Constitui quase jargão popular que a principal lição da Historia é que devamos conhecê-la, para que acontecimentos nefastos não se reproduzam. Se é assim, façamos uma viagem até a Alemanha nazista e comparemos os fatos ocorridos, principalmente a partir de 1936, com os que, atualmente, estamos vivendo, no Brasil. A título de mera ilustração, convém lembrar que o Partido Político, cuja Presidência Hitler assumiu em 1921, chamava-se ‘’Partido Operário Nacional Trabalhista Alemão’’. Pois este partido que, quando de sua fundação, não tinha mais de 05 mil seguidores, em 1930 já era o segundo maior da Alemanha, elegendo 100 deputados e, dois anos depois, conquistava 230 cadeiras no Parlamento, passando a ser a mais forte agremiação política da República Alemã. Em janeiro de 1933, Hitler é nomeado Chanceler do Reich e, a partir daí, diante do olhar indiferente da Europa – notadamente Inglaterra e França – promove uma série de atos arbitrários, sempre reduzindo direitos individuais. E tudo isto ‘’em nome do povo alemão’’. Pois em 1936, retira-se da ‘’Conferencia do Desarmamento e da Sociedade das Nações’’ e, sob o olhar ainda passivo da Europa, ocupa a Renania. Tal era a leniência da comunidade europeia que Churchill, seu mais influente líder, limitou-se a afirmar que ‘’era demasiado cedo para saber se o Fuhrer seria o indivíduo que desencadearia nova guerra sobre o mundo ou se era homem capaz de restituir à Alemanha a paz de espirito, elevando-a e reconduzindo-a forte, poderosa e tranquila, ao convívio da família europeia’’. Em outubro de 1938, sob os olhares meramente contemplativos da Europa, as tropas nazistas penetraram no território austríaco e anexavam a Áustria à Alemanha. Enquanto Hitler deixava claras suas intenções expansionistas, Chamberlain e Daladier, respectivamente, primeiros ministros da Inglaterra e da França, assinavam o ‘’Pacto de Munique’’, reconhecendo a anexação da Áustria e entregando parte da Tchecoslováquia à Alemanha. O mesmo silencio e a mesma subserviência de sempre que custaria alto preço, pois em 1º de setembro de 1939, os alemães invadiam a Polônia, dando inicio à 2ª guerra mundial, que produziria o absurdo número de 60 milhões de mortos. Hitler poderia ter sido detido a tempo? A História demonstra que sim, já que, desde 1934, quando a Alemanha estava longe de ser potencia bélica, a imprensa alemã e a inglesa publicavam reportagens, sobre torturas a que eram submetidos prisioneiros políticos, em expressa violação ao Tratado de Versalhes. Como tudo era feito, ‘’em nome do povo’’, este se extasiava e apoiava aquele líder, simples pintor de paredes que, em sua juventude, chegara a dormir nos bancos das praças públicas e que, portanto, era povo também. A classe intelectual, que torcia o nariz para a nobreza, da qual o Presidente Hindenburg era lídimo representante, também abria seus braços para o novo líder que emergia. Mas esse líder, se era inculto, era inteligente e soube formar uma equipe, integrada por homens de diferentes matizes, desde radicais, como Ermst Roehm e Julius Streich, até homem cultos como Alfred Rosemberg, que elaborou o primeiro programa do partido e Josef Goebels, que se doutorou em filosofia aos 24 anos e que seria o Ministro da Propaganda do Reich. Isto sem falar em heróis de guerra, como Rudolf Hess e Herman Goering, este laureado com a mais alta condecoração alemã por heroísmo, em combate: a medalha ‘’Pour le Mérite’’, instituída por Frederico II. Façamos, agora, uma viagem para o Brasil de 1980. Mais precisamente para um estádio de futebol de uma cidade da grande São Paulo. Lá, naquela cidade, vivendo, à época, em função da indústria automobilística, um homem do povo, operário fabril, inculto, mas profundamente inteligente, emergia como novo líder popular e fundava um partido, que denominou ‘’dos trabalhadores’’. Repudiava a ‘’elite’’, mas abrigou muitos dela, inclusive ‘’quatrocentões’’. Atraiu intelectuais, principalmente juristas, jornalistas e professores universitários. Atraiu, também, ‘’heróis’’, vindos de inglória luta armada contra o poder militar. Dos poucos mil reunidos, naquele tosco estádio de futebol, em menos de 10 anos – tal qual acontecera com o partido nacional socialista – o ‘’dos trabalhadores’’  já era o segundo do Brasil e, em mais 05, seria o primeiro, elegendo vereadores, deputados, governadores e, em mais 10 anos, elegeria o Presidente da República. A diferença entre o líder alemão e o líder brasileiro? Muitas! O primeiro era carrancudo, autoritário. O segundo, sorridente, matreiro, envolvente até... O primeiro, sanguinário. O segundo – até porque os tempos eram outros – proclamava ‘’a paz e o amor’’. E, agora, a maior e mais importante das diferenças: o líder Alemão proclamava o ‘’espaço vital’’. Afirmava: ‘’onde houver alemão, aí será a Alemanha’’. E, pela força, pretendeu consolidar o que seria o ‘’Reich de mil anos’’. O segundo, mais centrado nos seus interesses e nos interesses de sua trupe, imaginou o Poder, sem prazo para terminar. E, ao invés de invadir países, geriu a invasão do patrimônio público, o que vem acontecendo desde a ocupação do Poder, segundo os ‘’delatores premiados’’. O nazismo poderia ter sido detido em 1936 e, se o fosse, 60 milhões de vidas e bilhões de dólares poderiam ter sido poupados. O lulismo poderia ter sido detido, em 2006, com o ‘’mensalão’’. A liderança política nada fez e o ‘’assalto ao trem pagador’’ continuou, em sua marcha desvairada, até chegar ao ‘’petrolão’’. Continuaremos inertes, assistindo à hecatombe da outrora maior empresa brasileira? Continuaremos inertes, assistindo ao dólar alçar vôo, atingindo ao patamar de 12 anos atrás? Continuaremos inertes assistindo à progressiva escalada da inflação, a corroer nossos rendimentos, comprometendo presente e futuro? Continuaremos inertes, assistindo ao desemprego, em massa, na indústria automotiva e no setor bancário, levando à incerteza senão ao desespero homens e mulheres que, a cada dia, perguntam-se, com angústia, ‘’será hoje o meu dia?’’.  As lideranças políticas e os formadores de opinião pública têm a obrigação cívica de mostrar ao povo o caos que nos aguarda e que ainda pode ser evitado. O Brasil precisar ser libertado. Impeachment já!

Nenhum comentário:

Postar um comentário