Uma inevitável e
dolorosa comparação
Constitui quase jargão popular que a principal lição da
Historia é que devamos conhecê-la, para que acontecimentos nefastos não se
reproduzam. Se é assim, façamos uma viagem até a Alemanha nazista e comparemos
os fatos ocorridos, principalmente a partir de 1936, com os que, atualmente,
estamos vivendo, no Brasil. A título de mera ilustração, convém lembrar que o
Partido Político, cuja Presidência Hitler assumiu em 1921, chamava-se ‘’Partido Operário Nacional Trabalhista
Alemão’’. Pois este partido que, quando de sua fundação, não tinha mais de
05 mil seguidores, em 1930 já era o segundo maior da Alemanha, elegendo 100
deputados e, dois anos depois, conquistava 230 cadeiras no Parlamento, passando
a ser a mais forte agremiação política da República Alemã. Em janeiro de 1933,
Hitler é nomeado Chanceler do Reich e, a partir daí, diante do olhar
indiferente da Europa – notadamente Inglaterra e França – promove uma série de atos
arbitrários, sempre reduzindo direitos individuais. E tudo isto ‘’em nome do povo alemão’’. Pois em
1936, retira-se da ‘’Conferencia do Desarmamento
e da Sociedade das Nações’’ e, sob o olhar ainda passivo da Europa, ocupa a
Renania. Tal era a leniência da comunidade europeia que Churchill, seu mais
influente líder, limitou-se a afirmar que ‘’era
demasiado cedo para saber se o Fuhrer seria o indivíduo que desencadearia nova
guerra sobre o mundo ou se era homem capaz de restituir à Alemanha a paz de
espirito, elevando-a e reconduzindo-a forte, poderosa e tranquila, ao convívio
da família europeia’’. Em outubro de 1938, sob os olhares meramente
contemplativos da Europa, as tropas nazistas penetraram no território austríaco
e anexavam a Áustria à Alemanha. Enquanto Hitler deixava claras suas intenções
expansionistas, Chamberlain e Daladier, respectivamente, primeiros ministros da
Inglaterra e da França, assinavam o ‘’Pacto
de Munique’’, reconhecendo a anexação da Áustria e entregando parte da
Tchecoslováquia à Alemanha. O mesmo silencio e a mesma subserviência de sempre
que custaria alto preço, pois em 1º de setembro de 1939, os alemães invadiam a Polônia,
dando inicio à 2ª guerra mundial, que produziria o absurdo número de 60 milhões
de mortos. Hitler poderia ter sido detido a tempo? A História demonstra que
sim, já que, desde 1934, quando a Alemanha estava longe de ser potencia bélica,
a imprensa alemã e a inglesa publicavam reportagens, sobre torturas a que eram
submetidos prisioneiros políticos, em expressa violação ao Tratado de
Versalhes. Como tudo era feito, ‘’em nome
do povo’’, este se extasiava e apoiava aquele líder, simples pintor de
paredes que, em sua juventude, chegara a dormir nos bancos das praças públicas
e que, portanto, era povo também. A classe intelectual, que torcia o nariz para
a nobreza, da qual o Presidente Hindenburg era lídimo representante, também
abria seus braços para o novo líder que emergia. Mas esse líder, se era
inculto, era inteligente e soube formar uma equipe, integrada por homens de
diferentes matizes, desde radicais, como Ermst Roehm e Julius Streich, até
homem cultos como Alfred Rosemberg, que elaborou o primeiro programa do partido
e Josef Goebels, que se doutorou em filosofia aos 24 anos e que seria o
Ministro da Propaganda do Reich. Isto sem falar em heróis de guerra, como
Rudolf Hess e Herman Goering, este laureado com a mais alta condecoração alemã
por heroísmo, em combate: a medalha ‘’Pour
le Mérite’’, instituída por Frederico II. Façamos, agora, uma viagem para o
Brasil de 1980. Mais precisamente para um estádio de futebol de uma cidade da
grande São Paulo. Lá, naquela cidade, vivendo, à época, em função da indústria
automobilística, um homem do povo, operário fabril, inculto, mas profundamente
inteligente, emergia como novo líder popular e fundava um partido, que
denominou ‘’dos trabalhadores’’.
Repudiava a ‘’elite’’, mas abrigou
muitos dela, inclusive ‘’quatrocentões’’.
Atraiu intelectuais, principalmente juristas, jornalistas e professores
universitários. Atraiu, também, ‘’heróis’’,
vindos de inglória luta armada contra o poder militar. Dos poucos mil reunidos,
naquele tosco estádio de futebol, em menos de 10 anos – tal qual acontecera com
o partido nacional socialista – o ‘’dos trabalhadores’’ já era o segundo do Brasil e, em mais 05,
seria o primeiro, elegendo vereadores, deputados, governadores e, em mais 10
anos, elegeria o Presidente da República. A diferença entre o líder alemão e o
líder brasileiro? Muitas! O primeiro era carrancudo, autoritário. O segundo,
sorridente, matreiro, envolvente até... O primeiro, sanguinário. O segundo –
até porque os tempos eram outros – proclamava ‘’a paz e o amor’’. E, agora, a maior e mais importante das
diferenças: o líder Alemão proclamava o ‘’espaço
vital’’. Afirmava: ‘’onde houver
alemão, aí será a Alemanha’’. E, pela força, pretendeu consolidar o que
seria o ‘’Reich de mil anos’’. O
segundo, mais centrado nos seus interesses e nos interesses de sua trupe,
imaginou o Poder, sem prazo para terminar. E, ao invés de invadir países, geriu
a invasão do patrimônio público, o que vem acontecendo desde a ocupação do
Poder, segundo os ‘’delatores premiados’’.
O nazismo poderia ter sido detido em 1936 e, se o fosse, 60 milhões de vidas e
bilhões de dólares poderiam ter sido poupados. O lulismo poderia ter sido
detido, em 2006, com o ‘’mensalão’’.
A liderança política nada fez e o ‘’assalto
ao trem pagador’’ continuou, em sua marcha desvairada, até chegar ao ‘’petrolão’’. Continuaremos inertes,
assistindo à hecatombe da outrora maior empresa brasileira? Continuaremos
inertes, assistindo ao dólar alçar vôo, atingindo ao patamar de 12 anos atrás?
Continuaremos inertes assistindo à progressiva escalada da inflação, a corroer
nossos rendimentos, comprometendo presente e futuro? Continuaremos inertes,
assistindo ao desemprego, em massa, na indústria automotiva e no setor
bancário, levando à incerteza senão ao desespero homens e mulheres que, a cada
dia, perguntam-se, com angústia, ‘’será
hoje o meu dia?’’. As lideranças
políticas e os formadores de opinião pública têm a obrigação cívica de mostrar
ao povo o caos que nos aguarda e que ainda pode ser evitado. O Brasil precisar
ser libertado. Impeachment já!
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