sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Dicas de Carnaval

Houve um tempo – e como vai longe esse tempo – que, se alguém me pedisse sugestão para o carnaval, eu, de pronto, abriria robusta mala e apresentava variadas opções. A melhor delas, é claro, o Rio de Janeiro, começando pelo ‘’Baile do Havai’’, exatamente hoje, na sexta-feira da semana que antecede à semana do carnaval. Mulheres lindíssimas, pouca roupa, a exibirem majestosas coxas torneadas e seios ainda não siliconados.
Para o sábado da semana seguinte e que, oficialmente, abria os festejos, o ‘’cordão do bola preta’’, durante o dia e o baile, no clube idem, era freqüência obrigatória, bem ali na Cinelandia, ao lado do Teatro Municipal. Predomínio das mulatas, magníficas em suas lantejoulas a cobrirem apenas o essencial. Como domingo tudo girava em torno das escolas-de-samba (ainda não havia desfiles na segunda), minha dica seria, durante o dia, a banda - de Ipanema, regida por Albino Pinheiro e Jaguar e, à noite, o baile do Clube Sírio-Libanês. Para a 2ª feira, era imperdível o baile do Teatro Municipal, com toda a sua pompa e recheado de celebridades. E o carnaval fechava, na 3ª feira, com o baile do ‘’Monte Líbano’’, onde o deus Baco era homenageado, sem regras nem medidas.
Mas, como disse no começo, meu tempo passou – para o carnaval e para tantas outras coisas – e a capacidade de dar ‘’dicas’’, a preencherem esses dias de não fazer nada, resume-se a sugerir livros e filmes. Desses, dois são imperdíveis, porque falam de um mal – o de Alzheimer – que nos espreita, principalmente a nós, que já deixamos os 60 para trás. Falo de ‘’Para Sempre Alice’’ e de ‘’O Juiz’’, onde a doença surge, sorrateira, na historia, de forma suave, sem melodrama. Entende-se o mal, convive-se com o mal, de forma terna. Quanto ao livro, recomendo uma visita a ‘’A Era do Ressentimento’’, do filósofo Luiz Felipe Pondé. Reflexão sobre nosso tempo e nosso comportamento. O autor nos atira algumas verdades: ‘’o que é Ressentimento? É você achar que todos deviam te amar mais do que amam, você achar que todo mundo devia reconhecer em você grandes valores que você não tem’’.
Convivemos, em nosso cotidiano, em todos os ambientes, com pessoas assim. E... não seremos, nós mesmos, pessoas assim?

Até 4ª feira de cinzas. 

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