A eleição de Eduardo
Cunha
Pergunta-me um amigo que, equivocamente, julga que eu entendo
de política, se acho que a eleição de Eduardo Cunha para presidência da câmara
foi boa para o Brasil. Primeiramente, retifico o equivoco. Sou de outra
geração, onde os políticos tinham altivez e admiração popular, respondendo
pelos nomes de Pedro Aleixo, Adauto Lucio Cardoso, Aliomar Baleeiros, Tancredo
Neves, Abelardo Jurema, Carlos Lacerda, (o mais brilhante de todos), apenas
para citar alguns. Mas, respondendo ao amigo digo que o resultado de domingo
teria sido bom para o País, se os 3 Poderes fossem realmente independentes, tal
qual está escrito em nossa Constituição. No entanto, como a “chave do cofre” está nas mãos do
Executivo, na prática, é ele que manda, daí os dois outros Poderes serem meros
coadjuvantes desta nossa tosca democracia. Em que País sério um Presidente
demoraria seis meses para indicar o novo membro da Corte Suprema? Em que País
sério, para se cumprir uma emenda orçamentária, proposta pelo legislativo,
seria necessário que se “impusesse”
tal obrigação ao Executivo? Eduardo Cunha tem o mérito de ser hábil negociador,
resta saber o que ele vai negociar e aí, como se dizia em meu tempo, ‘’é que a porca torce o rabo.’’ Tenho lá
minhas dúvidas – quase certeza – que os interesses do Brasil não serão
prioridade nesse troca-troca. Coitado de São Francisco de Assis, tão puro, que
se despojou de sua riqueza para viver na humildade e usam seu ‘’é dando que se recebe’’, para
justificar as mais espúrias barganhas. Pois é exatamente isso que vai
acontecer: ‘’da cá esse cargo que eu faço
aprovar seu projeto’’. Eduardo Cunha, simpático, bom orador, a discursar de
improviso preparado, com seu sotaque de Ipanema, é mestre na arte de barganhar
e forma terrível dupla de ataque com Renan Calheiros, legitimo herdeiro de
Sarney no dom de sobrevivência na selva, em qualquer selva. É claro que o
Planalto saiu derrotado. Em lugar de simplesmente dar instruções ao petista
Chinaglia, vai, sem intermediários, ouvir as exigências de Cunha. Dª Dilma nos
lembra aquele personagem de Vitor Hugo que, preso na areia movediça, quanto
mais se mexia, mais se afundava. Alguém aí, pelo bem do Brasil, para acelerar
esse afundamento?
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