quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A eleição de Eduardo Cunha

Pergunta-me um amigo que, equivocamente, julga que eu entendo de política, se acho que a eleição de Eduardo Cunha para presidência da câmara foi boa para o Brasil. Primeiramente, retifico o equivoco. Sou de outra geração, onde os políticos tinham altivez e admiração popular, respondendo pelos nomes de Pedro Aleixo, Adauto Lucio Cardoso, Aliomar Baleeiros, Tancredo Neves, Abelardo Jurema, Carlos Lacerda, (o mais brilhante de todos), apenas para citar alguns. Mas, respondendo ao amigo digo que o resultado de domingo teria sido bom para o País, se os 3 Poderes fossem realmente independentes, tal qual está escrito em nossa Constituição. No entanto, como a “chave do cofre” está nas mãos do Executivo, na prática, é ele que manda, daí os dois outros Poderes serem meros coadjuvantes desta nossa tosca democracia. Em que País sério um Presidente demoraria seis meses para indicar o novo membro da Corte Suprema? Em que País sério, para se cumprir uma emenda orçamentária, proposta pelo legislativo, seria necessário que se “impusesse” tal obrigação ao Executivo? Eduardo Cunha tem o mérito de ser hábil negociador, resta saber o que ele vai negociar e aí, como se dizia em meu tempo, ‘’é que a porca torce o rabo.’’ Tenho lá minhas dúvidas – quase certeza – que os interesses do Brasil não serão prioridade nesse troca-troca. Coitado de São Francisco de Assis, tão puro, que se despojou de sua riqueza para viver na humildade e usam seu ‘’é dando que se recebe’’, para justificar as mais espúrias barganhas. Pois é exatamente isso que vai acontecer: ‘’da cá esse cargo que eu faço aprovar seu projeto’’. Eduardo Cunha, simpático, bom orador, a discursar de improviso preparado, com seu sotaque de Ipanema, é mestre na arte de barganhar e forma terrível dupla de ataque com Renan Calheiros, legitimo herdeiro de Sarney no dom de sobrevivência na selva, em qualquer selva. É claro que o Planalto saiu derrotado. Em lugar de simplesmente dar instruções ao petista Chinaglia, vai, sem intermediários, ouvir as exigências de Cunha. Dª Dilma nos lembra aquele personagem de Vitor Hugo que, preso na areia movediça, quanto mais se mexia, mais se afundava. Alguém aí, pelo bem do Brasil, para acelerar esse afundamento?

Nenhum comentário:

Postar um comentário