terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Maconha: liberar ou não liberar?

O Conselho Federal de Medicina acaba de autorizar os médicos a prescrever o canabidiol, medicamento derivado da maconha, no caso de doenças específicas, como, por exemplo, a epilepsia. Como o uso do remédio ainda não foi aprovado pela ANVISA, sua importação é ilegal e a solução é o velho e bom contrabando. O bom senso – esta coisa tão mal distribuída no mundo, como já nos lembrava Descartes – é que tivesse um prévio entendimento entre o Conselho e a ANVISA, para que se evitasse esta “jabuticaba brasileira”, isto é o “contrabando legal”. Não resta dúvida que tal resolução do CFM é o passo inicial para a liberação da maconha, como já o fez nosso vizinho Uruguai. A descriminalização do uso da droga é tema que angustia, dividindo-me a mim mesmo. Às vezes, penso que seria uma boa solução, pois poderia anular a nefasta figura do traficante. Gastam-se bilhões de dólares para combater o tráfico, mas as drogas continuam chegando a seus destinos. Todavia o que precisa ser desmistificado é que a maconha é uma droga “ingênua”. Especialistas já se manifestaram no sentido de que ela compromete o sistema cardio-respiratório, além de “queimar neurônios”. Por outro lado, é largamente sabido que a maioria dos dependentes em drogas pesadas começam pela maconha. É ela, assim, até pelo seu baixo custo, a porta de entrada para o crack, a cocaína, a heroína, as drogas sintéticas, etc. Parece-me insensato e absurdamente contraditório fazer maciça campanha contra o cigarro e promover passeatas para liberação da maconha e, na esteira, das drogas pesadas. Nunca soube de alguém que, instado pelo cigarro, tenha matado alguém, todavia, segundo dados do DEA, 70% dos latrocínios (roubo seguido de morte) são cometidos por pessoas, sob efeito de drogas. Em síntese: a liberação da maconha e mesmo a descriminalização de seu uso, não pode ser decisão açodada, de conteúdo político, tomada sob pressão de parte da opinião pública. Médicos, principalmente psiquiatras precisam ser ouvidos, para que não corramos o risco de no futuro, termos uma geração de “zumbis”.

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