Maconha: liberar ou não liberar?
O Conselho Federal de Medicina acaba de autorizar os médicos
a prescrever o canabidiol, medicamento derivado da maconha, no caso de doenças
específicas, como, por exemplo, a epilepsia. Como o uso do remédio ainda não
foi aprovado pela ANVISA, sua importação é ilegal e a solução é o velho e bom
contrabando. O bom senso – esta coisa tão mal distribuída no mundo, como já nos
lembrava Descartes – é que tivesse um prévio entendimento entre o Conselho e a
ANVISA, para que se evitasse esta “jabuticaba
brasileira”, isto é o “contrabando
legal”. Não resta dúvida que tal resolução do CFM é o passo inicial para a
liberação da maconha, como já o fez nosso vizinho Uruguai. A descriminalização
do uso da droga é tema que angustia, dividindo-me a mim mesmo. Às vezes, penso
que seria uma boa solução, pois poderia anular a nefasta figura do traficante.
Gastam-se bilhões de dólares para combater o tráfico, mas as drogas continuam
chegando a seus destinos. Todavia o que precisa ser desmistificado é que a
maconha é uma droga “ingênua”.
Especialistas já se manifestaram no sentido de que ela compromete o sistema
cardio-respiratório, além de “queimar
neurônios”. Por outro lado, é largamente sabido que a maioria dos
dependentes em drogas pesadas começam pela maconha. É ela, assim, até pelo seu
baixo custo, a porta de entrada para o crack, a cocaína, a heroína, as drogas
sintéticas, etc. Parece-me insensato e absurdamente contraditório fazer maciça
campanha contra o cigarro e promover passeatas para liberação da maconha e, na
esteira, das drogas pesadas. Nunca soube de alguém que, instado pelo cigarro,
tenha matado alguém, todavia, segundo dados do DEA, 70% dos latrocínios (roubo
seguido de morte) são cometidos por pessoas, sob efeito de drogas. Em síntese:
a liberação da maconha e mesmo a descriminalização de seu uso, não pode ser
decisão açodada, de conteúdo político, tomada sob pressão de parte da opinião
pública. Médicos, principalmente psiquiatras precisam ser ouvidos, para que não
corramos o risco de no futuro, termos uma geração de “zumbis”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário