sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Palavras de Despedida

Hoje, 19 de dezembro, encerro as atividades do ano. Já, de larga data, perdi o hábito de fazer balanço do ano findo e projetos para o ano vindouro. Alegrias e tristezas, vitorias e derrotas fazem parte do cotidiano. São inevitáveis e até essenciais, porque são o tempero da vida. Viro a última curva de minha estrada, com muito mais ganhos do que perdas, por isso, sem melancolia, tenho a mala pronta para a viagem definitiva. Sem saudades do passado, trago-o, como lembranças: a meninice, pernas soltas pela minha pequena cidade do interior; a juventude, percorrida em busca do sonho sonhado, mas com tempo para coxas e bocas; a maturidade, na lindeza do Rio, filhos correndo pelas areias do Leme e, é claro, o Maracanã, colorido de Botafogo; e a velhice, docemente acumulada ao lado de companheira de uma vida inteira. Amigos – poucos, mas intensos -, que chegaram e que partiram – e, agora, partem, cada vez mais rápido -, mas que deixaram, pedaços de suas vidas grudadas na minha. Termino meu ano sem ressentimentos, novos ou antigos. Afinal, como posso pedir a Deus que perdoe minhas ofensas, se não for capaz de perdoar aos que me ofenderam? É lição da maior das orações, porque nos foi ditada pelo próprio Cristo. Termino o ano, agradecendo a Deus, por me permitir continuar por aqui, convivendo com as pessoas, que me são caras, praticando o meu fazer e contemplando a beleza do sol, da chuva e das coisas que eles aquecem ou umedecem. É claro que janeiro é simples continuação de dezembro mas, apesar de Dilma e do PT, desejo a todos, que me acompanharam nestes quebrados escritos, um 2015 que seja, realmente, um novo ano cheio de realizações pessoais. 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

                    Considerações Sobre a Tortura

como advogado,não faz muito tempo;em determinado local da "Grande São Paulo',um empresário foi sequestrado,quando chegava Para expressar minha opinião sobre tema tão tormentoso,qual seja o da tortura,contarei um caso real,onde funcionei a sua empresa e levado para local absolutamente incerto.Somente dois dias depois,os sequestradores entraram em contacto com a familia da v´tima,solicitando vultoso resgate.foi estabelecido um prazo para pagamento,sob pena de execução sumária.A Policia foi acionada,primeiro,porque não se tinha possibilidade de conseguir reunir o valor exigido,segundo,porque não se tinha a certeza de que,mesmo pagando o resgate,o sequestrado seria libertado,com vida.Com a vítima ainda em cativeiro,um dos sequestradores,que saíra para comprar mantimento,foi preso,pela Polícia.Obter a rápida confissão do mesmo era fundamental,não só para localizar o local do cativeiro,mas também e principalmente,para preservar a via do sequestrado,já que a demora no retorno do comparsa traria fundada suspeita que fora ele detido e,a partir daí a execução da vítima seria o resultado mais óbvio.Assim,o sequestrador preso foi submetido a um processo de 'convencimento corporal",deu as informações necessárias,o cativeiro foi "estourado" pela Polícia,e a vítima libertada.Outro exemplo:a CIA,recentemente,declarou que,sem emprego de "convencimento corporal",dificilmente teriam chegado a Bin Ladem.Não vou me perder em digressões históricas,demonstrando que o emprego da tortura vem de remotas épocas.É claro que,em tese,ninguém pode ser a favor da tortura,todavia,em circunstancias específicas,para evitar mal maior,é ela método de convencimento único para se deslindar um crime,cuja consumação terá repercussão social muito mais negativa do que a tortura,em si mesma.



quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A diplomação da presidente

                    Amanhã, quinta-feira, 17, poderá ser considerado, para nós brasileiros, o “dia da vergonha” Receberá o diploma de Presidente eleita do País, a senhora Dilma Rousseff e o faz a meio do maior esquema de corrupção, a que o mundo já assistiu, envolvendo ela, seu mentor, Lula, seus apaniguados, e seu partido político. Tantos são os motivos, para que este diploma não lhe fosse conferido, que tal “permissividade” só se justifica, porque o Brasil perdeu seu lugar na história. O “desastre”, que vitimou e continuará vitimando a Petrobrás, deve ser debitado não apenas na conta da Presidente eleita e seus asseclas. Responsável também o é uma oposição leniente que, seja por falta de coragem cívica, seja porque também possa estar enlameada, não promove atos públicos – como o das “Direitas já” – conclamando os brasileiros a irem às ruas, exigindo o impeachment da presidente eleita. Responsável também o é o Ministério Público, que abdica de uma condição de “titular da ação penal” e se queda, diante de tantas evidencias de ilícitos penais perpetrados contra o patrimônio público. Pois os fatos, a que se denominou “petrolão” aconteceram enquanto a eleita ocupava a Presidência do Conselho da Empresa. Como já amplamente noticiado – e fotografado, ela e seu padrinho Lula desfrutavam da intimidade do Sr. Paulo Roberto, o representante dos partidos do governo. Todos sabemos que a Sra. Graça Foster é da cozinha da Sra. Dilma, que a escolheu, a dedo, para compor a Presidência da Petrobrás. Agora, com as denúncias de uma Gerente Comercial sabe-se que Graça Foster e, via de consequência, a Presidente Dilma, sabiam do esquema de corrupção, que grassava na companhia. Vale dizer, ambas, Graça e Dilma, “queriam evitar o mal, mas não podiam, ou podiam evitar o mal, mas não queriam”. Dilma continua afirmando que não sabia de nada, mesma desculpa, quando das “maracutaias”, executadas, na sala ao lado, pela então sua Chefe de Gabinete, Erenice. Mesma desculpa dada pelo seu guru, Lula, à época do “mensalão”. O que parece óbvio é que o PT engendrou tenebroso plano, para se perpetuar no Poder e para isso precisava “desapropriar” recursos públicos não só da Petrobrás, mas – como já está se provando, de outros Órgãos, como a Eletrobrás, e Ministérios, entregues à base aliada. Com as ações judiciais, movidas na justiça norte-americana por acionistas de lá, estima-se que o valor das indenizações, a serem pagas pela Petrobrás, poderá ultrapassar a casa de bilhão de dólares, principalmente quando se sabe que 30% das ações da Petrobrás são negociadas na bolsa de Nova York. Vê-se, pois, que o PT corre o risco de passar para a história como o partido que destruiu a maior empresa do Brasil. Como aceitar, assim, sem firme repúdio, a diplomação da Presidente Dilma, que  está destruindo a economia do País, que fez o País desafinar no concerto internacional das nações, que mentiu e se utilizou dos métodos mais  repulsivos para se eleger, que comprou , a varejo parlamentares para se livrar da lei de responsabilidade fiscal?
Sugiro que sua diplomação  se dê, em ato secreto, a meio á madrugada, em voz Susurradas como fazem os ladrões que invadem as casas, para saquea-las


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Maconha: liberar ou não liberar?

O Conselho Federal de Medicina acaba de autorizar os médicos a prescrever o canabidiol, medicamento derivado da maconha, no caso de doenças específicas, como, por exemplo, a epilepsia. Como o uso do remédio ainda não foi aprovado pela ANVISA, sua importação é ilegal e a solução é o velho e bom contrabando. O bom senso – esta coisa tão mal distribuída no mundo, como já nos lembrava Descartes – é que tivesse um prévio entendimento entre o Conselho e a ANVISA, para que se evitasse esta “jabuticaba brasileira”, isto é o “contrabando legal”. Não resta dúvida que tal resolução do CFM é o passo inicial para a liberação da maconha, como já o fez nosso vizinho Uruguai. A descriminalização do uso da droga é tema que angustia, dividindo-me a mim mesmo. Às vezes, penso que seria uma boa solução, pois poderia anular a nefasta figura do traficante. Gastam-se bilhões de dólares para combater o tráfico, mas as drogas continuam chegando a seus destinos. Todavia o que precisa ser desmistificado é que a maconha é uma droga “ingênua”. Especialistas já se manifestaram no sentido de que ela compromete o sistema cardio-respiratório, além de “queimar neurônios”. Por outro lado, é largamente sabido que a maioria dos dependentes em drogas pesadas começam pela maconha. É ela, assim, até pelo seu baixo custo, a porta de entrada para o crack, a cocaína, a heroína, as drogas sintéticas, etc. Parece-me insensato e absurdamente contraditório fazer maciça campanha contra o cigarro e promover passeatas para liberação da maconha e, na esteira, das drogas pesadas. Nunca soube de alguém que, instado pelo cigarro, tenha matado alguém, todavia, segundo dados do DEA, 70% dos latrocínios (roubo seguido de morte) são cometidos por pessoas, sob efeito de drogas. Em síntese: a liberação da maconha e mesmo a descriminalização de seu uso, não pode ser decisão açodada, de conteúdo político, tomada sob pressão de parte da opinião pública. Médicos, principalmente psiquiatras precisam ser ouvidos, para que não corramos o risco de no futuro, termos uma geração de “zumbis”.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O Ministério Público no lava-jato
Como todo brasileiro consciente, tenho acompanhando, com redobrada atenção, a operação “lava jato”, em todos os seus desdobramentos. Irrepreensível a competência, celeridade e independência com que atuaram o Juiz Sérgio Moro e a Polícia Federal. Preocupa-me, todavia, o comportamento do Ministério Público e até mesmo do Supremo Tribunal Federal. A revista “Isto É”, do penúltimo final de semana, informa em matéria de capa, que “o Procurador Geral da República costura uma saída, tentando impedir que o Planalto seja investigado no escândalo do petrolão”. E o pronunciamento do Procurador Janot, na televisão foi, para dizer pouco, um “escorrega no quiabo”. Falar mal das empreiteiras, do doleiro, que “nós estamos em guerra contra a impunidade e a corrupção”, na verdade, nada mais foi do que fazer a apologia do óbvio. E quanto aos partidos políticos e seus integrantes, beneficiados pelo esquema? Limitou-se o Procurador a afirmar que tudo será devidamente apurado, com muita calma e segurança. O Juiz Sérgio Moro, de larga data, afirmou que o processo não corre em segredo de justiça e que os nomes dos políticos envolvidos apenas não foram divulgados, porque detém eles o foro privilegiado, isto é, processá-los é competência do STF. O Ministro Teori Zavascki já detém os nomes e o grau de envolvimentos desses políticos, todos, ao que parece, integrantes da famigerada base do governo. Cerca de 30 executivos das principais Construtoras do País, estão presos, mas não se sabe nem mesmo o nome de um único político envolvido no “petrolão”. O sigilo do Sr. Vaccari, tesoureiro do PT, foi quebrado, lá se vão 15 dias e daí?  Ou não se encontrou qualquer irregularidade e, neste caso, desculpas são devidas ao Sr. Vaccari. Ou, se as encontrou, pelo menos temos o direito de saber quais as providências subseqüentes. A estratégia dos partidos políticos têm sido a de desqualificar os delatores. Lembra-nos a utilizada por Felipão, no jogo contra a Alemanha. Na próxima 6ª feira, 19, o Supremo Tribunal Federal entra em recesso, só retornando em fevereiro. Tempo mais do que suficiente para se costurar, com linha forte, o “acórdão”, denunciado pela “Isto É”.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Porque é Natal

Aproxima-se o Natal e a cidade, como diria Silvio Santos, já está “em ritmo de festa”. De larga data já se perdeu o entendimento de que nesta festa comemora-se o nascimento de Jesus e poucos ainda se lembram de que a troca de presentes é simbologia dos presentes “trocados” entre os Reis Magos e o Menino-Deus. Aqueles a este ofereceram ouro, incenso e mirra. Este ofereceu àqueles e a todos nós sua própria vida, feita de peregrinação e, ao final, de morte dolorosa. Se Jesus nasceu ou não em um 25 de dezembro, é fato de nenhuma relevância. O que importa é que ele nasceu e, para mostrar seu despojamento material, nasceu e viveu em Nazaré, à época, humilde aldeia de operários. Dali partiu para sua peregrinação, tendo escolhido, nessa caminhada, como companheiros, homens simples, que não tinham “nem ouro, nem espada”. E que figura maravilhosa foi Maria, sua mãe: “eis aqui a Serva do Senhor, faça-se em mim, segundo a tua palavra!”, respondeu ela ao anjo Gabriel, enviado por Deus para comunicar-lhe sua difícil e sofrida missão de ser mãe de Jesus. Ou temos dúvidas das dificuldades experimentadas por Maria, em exibir uma gravidez “sem conhecer homem algum”, numa época em que o adultério era punido com morte humilhante? Ou temos dúvidas que a missão de Maria foi a mais sofrida entra a de todas as mães, de ver o martírio do filho e, depois, dor incomensurável, recebê-lo morto, nos braços? Por essa missão suprema, feita de amor, dor e resignação, Maria constitui a essência divina de todas as mães, o amor que ama, sem exigir retorno. E por que não falar de José, personagem tão essencial e pouco lembrado na natividade de Jesus, que, possuído pela fé, acreditou, quando tinha tudo para duvidar, que amou muito mais Maria, quando podia repudiá-la, formando a “Sagrada Família”? Por isso, o grande símbolo do Natal, não é a árvore, mero ornamento comercial, na qual e sob a qual se colocam presentes. O símbolo verdadeiro é o presépio, diante do qual, em qualquer lugar, a qualquer hora, devemos parar e refletir, perguntando a nós mesmos, na nossa mediocridade, que presente podemos oferecer ao Menino Jesus. 
De maus Partidos a Democracia Brasileira é feita

Outro dia, tendo um “papo cabeça” com um amigo, por quem tenho grande admiração, apesar de nossas divergências ideológicas, ele, petista de primeira hora, dizia-me de sua desilusão pelos rumos tomados pelo partido, depois de ter ascendido ao Poder. Esperava – dizia-me ele – que se inaugurasse novo ciclo na história do Brasil, onde o social fosse colocado acima dos interesses individuais e, sem abdicar das irreversíveis regras do mercado, pudéssemos construir uma sociedade mais justa. Tentei consolar o dileto amigo, dizendo-lhe que a culpa não é do partido em si, mas da péssima estrutura da democracia brasileira, construída sobre terreno pantanoso. Dei-lhe um exemplo, ligado a minha área de atuação: as grandes modificações, realizadas no ordenamento jurídico brasileiro, ocorreram em regimes de exceção. A Consolidação das Leis do Trabalho, o Código Penal e o Código de Processo Penal vieram à luz no período mais duro da ditadura Vargas e, com algumas “plásticas” sofridas, aqui e ali, ainda estão em vigor, cumprindo sua função econômico-social. O Código de Processo Civil, cognominado “Código Buzaid”, nasceu, em 1973, no Governo Médici. Por outro lado, o Código Civil vigente tramitou por quase 20 anos no Congresso Nacional. Nos regimes ditatoriais, o macro ordenamento jurídico era elaborado por “grupos de trabalho” integrados por juristas de notável saber que construíram institutos jurídicos sólidos, que resistiram e resistem às grandes transformações sociais do País. Como o Congresso Nacional é, pela sua própria essência, uma casa política, as leis, via de regra, submetem-se ou a interesses de grupos, ou, até mesmo, a nebulosos interesses individuais, como vimos, recentemente, na aprovação da lei que modificou o cálculo do superávit primário. A própria Constituição Federal de 1988, denominada “Constituição Cidadã” é verdadeira “colcha de retalhos”, considerada, pelos melhores constitucionalistas pátrios, como a pior Carta elaborada, em todo o período republicano. Por óbvio, a culpa destes equívocos jurídicos não é apenas do PT, mas do absurdo número de partidos políticos criados, a partir da redemocratização, a maioria deles sem um ideário definido, movidos, essencialmente, pelas vantagens econômico-financeiras de se ter um partido político. Quando se fala em uma reforma política (que, a meu juízo, jamais sairá do papel), fundamental seria a criação de cláusulas de barreira que promoveriam substancial redução desses partidos, que não passam de locadores de legenda. Recente pesquisa, efetuada por um canal de televisão, revelou que 70% dos eleitores escolhem seus candidatos, independentemente do partido político a que pertençam. É claro que esta absurda multiplicidade de partidos, sem linha ideológica definida, enfraquece a democracia. Veja, por exemplo, a história do próprio PT que, ao longo do tempo, perdeu lideranças importantes, que migraram para outros partidos e abriu suas portas a pessoas de pouco (para não dizer nenhum) estofo moral. O PT, que tinha um projeto de governo, trocou-o por um projeto de se perpetuar no Poder e, para isso, foi obrigado a fazer alianças espúrias e avançar sobre recursos públicos, porque o fundamental era vencer, não importando os meios utilizados. Quando me insurjo contra o PT – onde, inclusive, tenho gratos amigos – é exatamente pelo mal que ele fez à democracia, desmoralizando suas instituições. Comportamento idêntico identificamos no PMDB que, nem de longe, lembra aquele MDB aguerrido, de Ulisses e Tancredo, transformando-se num grupo de fisiologistas, a se venderem por cargos, dos quais possam tirar vantagem material. Alguém, com um mínimo de coerência, poderia definir, hoje, qual o perfil ideológico do PT, do PMDB e de tantos outros? Se quisermos visitar o passado, na base esquerda/direita, que partido se situaria ali ou aqui? Misturou geral, porque todos só têm um projeto de poder e não um projeto de governo. Não sou apaixonado pela democracia, porque parte ela da premissa falsa que todos são iguais. Todavia, por pior que ela seja, não surgiu nada melhor. Então, porque não mitigar seus efeitos colaterais, como fazem os países desenvolvidos? A verdade é que a degenerencia da democracia vem empurrando o Brasil para trás. A nossa segurança pública é péssima, como péssimos são a educação e a saúde públicas, malgrado os falaciosos índices oficiais. Estudantes mal formados geram profissionais mal qualificados e é lamentável que, com o século 21 em andamento, o Brasil importe mão-de-obra técnica. Nossos centros de pesquisas estão abandonados e sobrevivem graças a alguns abnegados. A principal Universidade do Brasil – a USP – está, literalmente, quebrada, com seu corpo docente “rachado”. Suas unidades, que melhor funcionam, a Faculdade de Direito e a de Medicina são absolutamente autônomas, distantes, até fisicamente, da Cidade Universitária. É claro que todo este quadro negro não é culpa apenas do PT, mas de todos os governos civis, pós militares. A diferença é que estes, até por se saberem provisórios, tinham um projeto de governo, enquanto os civis, que os sucederam, tinham apenas um projeto de poder. Collor, talvez, tenha sido o que tivesse um bom projeto de governo que acabou dinamitado por seu projeto pessoal. Vivemos momentos de sobressaltos políticos e econômicos e às vésperas de um novo mandato, a Presidente eleita limitou-se a se curvar ao mercado, nomeando ministros a ele palatáveis e tentar salvar a própria pele, livrando-se da irresponsabilidade fiscal. Mas, quem salvará o Brasil? Tratemos de encontrar a resposta para não sermos devorados. 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Uma investigação necessária

Em que pese a firme e competente atuação da Polícia Federal, que vai muito além do escândalo da Petrobrás, muitos fatos “estranhos”, acontecidos, ao longo dos anos que o petismo reina, absoluto, navegando no maior mar de lama da história do Brasil, estão a exigir pronta e eficaz investigação. Na madrugada, em que o parlamento, subornado pela Presidente (R$ 675.000,00 para cada parlamentar), aprovou a mudança de cálculo do superávit primário, o Deputado Ronaldo Caiado afirmou, da tribuna, que “Lulinha é, hoje, um dos maiores latifundiários do Brasil e, perto dele, meu agronegócio tem características familiares”. Olhos e ouvidos colados à televisão – em que pesasse o adiantado da hora -, esperava eu que os asseclas do ex-presidente, pai do dito cujo – esbravejassem, dissessem que era uma infâmia, etc. e tal. Silencio absoluto, como absoluto foi o posterior silencio do ex-presidente. Como “quem cala, consente”, fica a questão parada no ar, a permitir diversas ilações. A principal é: como um rapaz que, antes de o pai assumir a Presidência da República, era humilde funcionário do zoológico de nossa Capital, transformou-se em um dos maiores empresários do agronegócio? Quem levanta tão intrincada questão não é este humilde escriba, mas um Deputado do ramo, vez ser, de larga data, importante pecuarista de Goiás. A vida pessoal do “Lulinha”, em si, não contém qualquer relevância. Esta reside no fato de ser ele filho de um Presidente da República, cuja administração, a cada dia, revela estarrecedoras marcas de corrupção. O insigne Juiz, Sérgio Moro, acaba de afirmar, com base na prova colhida na operação “lava jato”, que há fortes indícios de que os atos de corrupção, que privilegiaram políticos, empresas, agentes públicos e terceiras pessoas vão além da Petrobrás, alcançando outros órgãos públicos federais. Vê-se, pois, que a organização criminosa, que se formou, devastando o patrimônio público, constitui verdadeira centopéia, que precisa ser identificada e punida, se, realmente, se quer passar o País a limpo.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A Ceia de Natal (ou o Anel que caiu do céu)
Para desespero de Luiz Claudio, outra vez chegara o natal e, com ele, a infalível ceia na mansão dos pais de Maria Clara, com direito à distribuição de presentes. À meia-noite, cumprindo um ritual que vinha de gerações, o “velho” simplesmente bateria palmas, convocando todos à mesa. Como sempre, com a empáfia dos que têm a certeza que tudo podem, ele abriria o jantar com um brinde ao sucesso conquistado naquele ano, elogiando cada um dos genros e, quando chegasse em Luiz Claudio, repetiria a mesma frase: “a nosso Luiz Claudio, que ainda há de nos surpreender.” Todos rirão, menos, por certo, Maria Clara que, de soslaio, o olhará, com indisfarçável desprezo. Dos quatro genros, Luiz Claudio fora o único que não aceitara trabalhar na Construtora do “velho”, participar das “maracutaias” que enriqueceram a todos. Era engenheiro da Prefeitura e vivia de seu ridículo salário. Maria Clara fora recíproca paixão instantânea, que esmaeceu com o tempo e as dificuldades financeiras – “eu me humilho perante minhas irmãs, com estes vestidos de brechó e jóias de fantasia baratas.” A duras penas, comprara aquele  minúsculo apartamento, próximo ao aeroporto de Congonhas, barulho ensurdecedor, avião pousando e decolando. O “velho” lá estivera por uma única vez e não poupou o comentário: - “nossa, Maria Clara, seu apartamento é menor do que a lavanderia de minha casa.” Luiz Claudio engoliu a humilhação, mas jamais se submeteria a aceitar qualquer ajuda do “velho”, porque sabia ser alto o preço a pagar. Mas chegara mais uma noite de natal e ele, com muito esforço, somente conseguira aquela pulseira de ouro, comprada em intermináveis prestações. Seria o presente de Maria Clara, que o receberia com indisfarçável sorriso de decepção. Luiz Claudio estava perdido nestas divagações sombrias, quando enorme estrondo, bem acima de sua cabeça, quase o jogou da cadeira, onde apoiava os pés, para calçar as meias. Correu à janela, a tempo de ver pedaços de corpos cortarem o espaço, a sua frente, qual estrela cadente. O avião, de médio porte, explodira, vomitando seus passageiros, espaço afora. Luiz Claudio vestiu a primeira calça e a primeira camisa, que encontrou e, sem esperar pelo elevador, desceu as escadas em direção à calçada. As primeiras viaturas de policia chegavam ao local, tentando afastar a multidão, que se formava entre cabeças, braços, pernas, espalhados, como se fossem brinquedos macabros, em loja de periferia. Um cheiro nauseabundo de corpos queimados impregnava o ar e Luiz Claudio, instintivamente, levou a mão ao bolso, onde sempre levava o lenço, levemente umedecido de seu perfume preferido, “pacco rabane”.
De repente, quase debaixo de seu pé, viu ele um pedaço de braço, onde, de um dos dedos da mão, restava enfiado um magnífico anel de brilhantes, absolutamente intacto. Quase mecanicamente, Luiz Claudio abaixou-se e, tal foi a força empregada para arrancar o anel, que o dedo veio junto. Rapidamente, sem olhar para o lado, colocou o dedo com o anel no bolso e voltou para o apartamento. Encontrou Maria Clara, em pranto convulso. Procurou acalmá-la, que, por certo, não haveria ninguém conhecido no vôo e que era melhor se apressarem, porque ela sabia como o “velho” se irritava com atrasos. Foi ao banheiro e, usando sabonete, conseguiu tirar o anel do dedo anônimo, que jogou pela janela, para se juntar aos outros pedaços de corpos. Limpou, cuidadosamente o anel, inclusive lustrando-o com flanela, guardou-o em uma minúscula caixa, que encontrou no armário, tomou banho e se vestiu com esmero. Pegou-se cantando “I left my hart in San Francisco”, o que surpreendeu Maria Clara: - “nossa, Luiz Claudio, com tanta desgraça em nossa porta e você cantando?” Ele a olhou, com a indiferença de tantos anos, mas não deixou de notar que ainda era mulher bonita, seios firmes e coxas torneadas, malgrado já estar chegando aos 50 e as dificuldades cotidianas. Felizmente, a garagem dava para a rua atrás do prédio e puderam sair, sem maiores dificuldades. A casa do “velho” ocupava todo um quarteirão do Jardim Europa e Luiz Claudio estacionou seu humilde e ancestral “Peugeot”, atrás do BMW de Maria Eduarda, sua cunhada. Ali, naquele local, começava sua humilhação: “puxa, Luiz Claudio, você podia, pelo menos ter mandado lavar esta lata velha! E precisava parar logo atrás do carro da minha Irma?” Apalpando a caixinha, que trazia no bolso, ele apenas sorriu e, gentilmente, tomou Maria Clara pelas mãos, conduzindo-a para dentro do casarão. A chegada de ambos provocou enorme alarido, todos querendo saber do acidente, àquela hora, amplamente divulgado pela TV. Até o “velho” que sempre o tratara com desprezo, rendeu-lhe homenagens, como se ele fosse o autor da explosão. Alguns uísques depois, foi servida a ceia. Chegara o grande momento e o coração de Luiz Claudio quase saltava pela boca. Antes que o “velho” levantasse a taça para o brinde, que abria o jantar, Luiz Claudio, para espanto de todos, levantou-se da cadeira e “roubou” a palavra: - “nesta noite, com perdão de meu estimado sogro, quero fazer um brinde especial a Maria Clara, esta maravilhosa companheira de uma vida inteira, jóia rara a quem ofereço jóia menos valiosa.” E retirou a caixinha do bolso, abrindo-a, o anel de brilhantes a faiscar. Maria Clara contemplou-o, fascinada e o anel passou de mão em mão, sempre arrancando expressões, entre espanto e admiração. Fernando, marido de Maria Eduarda e que era “expert” no assunto, deu o laudo definitivo: - “são brilhantes da Antuérpia, os mais raros e mais caros do mundo. Deve ter custado uma fortuna, não é, Luiz Claudio?” Este apenas sorriu e, enigmaticamente exclamou: “é apenas um anel que caiu do céu

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Pequenas considerações sobre a delação premiada
Não se preocupem, não vou deitar falação jurídica sobre delação premiada, apenas gostaria de fazer pequena reflexão sobre o tema. Em primeiro lugar, é ela cria dos estados totalitários, de esquerda ou de direita. Na verdade, remonta ao Tribunal do Santo Ofício, onde supostos autores de heresia apontavam o dedo para terceiros – geralmente rivais ou inimigos -, acusando-os de mal maior e, assim, limpavam suas barras, ou melhor, livravam-se da fogueira. O regime soviético, principalmente com Stalin e o nazismo consolidavam a prática do dedurismo, premiando o acusador. Incontáveis foram as injustiças praticadas, em nome da segurança do Estado, principalmente porque, via de regra, as acusações não se faziam acompanhar de provas robustas. Invertia-se o ônus da prova e era o acusado quem deveria provar sua inocência. Entre nós, durante o regime militar, principalmente depois de dezembro de 1968, o dedurismo passou a ser execrado, como forma de comportamento. Restaurada isto que chamam de democracia, a incompetência do Estado, na gestão da segurança pública, oficializou o dedurismo, criando o “disque denúncia”, preservando o anonimato do denunciante. Daí para a delação premiada foi um pequeno passo. Tenho quase nenhuma simpatia pela dita cuja. Beneficia o delator – já definido como criminoso – dando-lhe polpudos benefícios para “entregar” seus comparsas. Noutros tempos, havia outros métodos de convencimento que, muito ao contrário, não trazia conforto para o denunciante. Cabe à máquina policial apurar o crime, em toda a sua extensão e a Polícia Federal vem assim agindo, com invulgar competência. Espero que não voltemos ao passado sombrio, em que o amigo temia o amigo e o vizinho se assustava com o vizinho. Por maiores que sejam os interesses do Estado, a liberdade, no sentido largo do termo, mais do que a própria vida, é o bem maior a ser preservado.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Quanto vale a “base aliada

É de surpreender, mesmo aos mais vividos, o escárnio e a desfaçatez com que o Poder Executivo trata o interesse público. Pois não é que, em plena apuração do “petrolão”, com empresários presos, dezenas de políticos atolados neste lamaçal, que nos envergonha a todos, que joga a imagem internacional do Brasil na lata do lixo, o que faz a Presidente da República, do alto de sua empáfia? Convoca a famigerada base aliada e oferece 500 milhões de reais, pela aprovação de seu projeto que, estuprando a lei de responsabilidade fiscal, muda a regra de fixação do superávit primário. Não sei quantos congressistas integram essa base, mas, agora, sabemos que, todos juntos, valem 500 milhões, apenas para esse projeto. Então, já sabemos como as coisas funcionarão na próxima legislatura: todas as vezes que o Poder Executivo enviar ao Congresso projeto polêmico, convocará a “base” e acertará o valor da aprovação. Sugiro, para facilitar e acelerar as negociações, que as partes contratantes elaborem uma “tabela de preços”. Quanto ao povo, como dizia aquele personagem de Chico Anísio, “o povo é apenas um detalhe”. E o Brasil segue, garboso, em 78º lugar, entre países mais corruptos do mundo. 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O IDH de meu irmão
Escreve-me meu irmão, informando-me (e pretende ridicularizar-me com tal informação) que o IDH do Brasil melhorou, acentuadamente, nestes anos de PT. Não sei de onde ele tirou tão preciosa noticia, mas deve ser verdade, porque ele não mente, apenas, como todo petista que se preza, desconhece a verdade. Não é que abro a “Folha” de sábado e leio, em manchete, que o “consumo das famílias vai mal”, o que, em minha empedernida ignorância, parece-me incompatível com o crescimento do IDH? Mas, repito, meu irmão, jornalista, professor, imagina se ia mentir, apenas, talvez, tenha sido iludido por dados, produzidos por sua “troupe”. A mesma edição, do mesmo jornal nos dá conta de que o “PIB cresce só 0,1%”. E minha ignorância pergunta: mas se tudo o que o País produziu cresceu 0,1%, como pode nosso IDH ter “bombado”? Todavia, meu irmão, petista histórico, é de absoluta honestidade intelectual, apesar de o jornal afirmar que os investimentos, até agora, terem recuado 1,7%. Em minha gigantesca ignorância, raciocino: se a industria não produz é porque o comercio não vende e, se o comercio não vende, é porque o povo não compra. Como meu irmão não mente – só “não sabe”, como todo petista -, a culpa é do povo que não compra, porque por certo, quer prejudicar a Presidente só porque, em sua esmagadora maioria, não a queria, outra vez. Mas a coisa não para por aí, malgrado eu jamais colocar em dúvida a palavra do meu irmão. A “Folha” informa que o agronegócio teve a maior queda, desde 2008. O agronegócio produz estas coisas, que nada tem a ver com o IDH, coisas sem importância, como a carne, o leite, o arroz, o feijão, os legumes, etc. Hoje, domingo ensolarado, fui à feira. Banana, a 07 reais a dúzia; tomate, a 08 reais o quilo; alface, a 03 reais o pé. As barracas estavam vazias. Todo mundo procurando a barraca do IDH. Uma senhora perguntou-me se eu sabia onde ficava a tal barraca, mas, como não sabia, liguei para meu irmão. Infelizmente, o telefone dele estava na caixa postal. Finalmente, ao avançar na leitura, descubro a notícia, que confirma a informação de meu irmão. O jornal diz, às tantas, que o nível da miséria subiu 20%, em todo o País e o Estado, onde tal miserável índice mais subiu, foi São Paulo, com 15%. “Eureka!”, (como se dizia no meu tempo). Matei a charada: todos os miseráveis da cidade de meu irmão migraram para cá e, então, o IDH, lá medido, pelos competentes e crédulos Órgãos do PT, alçaram vôo e sobrepujaram a Alemanha e até a Suécia. Por isso, meus caros amigos, vou “m’embora para lá” que, além desse estupendo IDH, fica perto – menos de 60 kms – das maravilhosas praias de sul da Bahia. Espero, tão somente, que estes novos Ministros da área econômica, não venham nos atrapalhar com suas idéias “tucanas”. Meu querido irmão: segure seu IDH, não o deixe escapar, “porque estou chegando”.