Reflexão: O Tríduo Pascal
Inicia-se, hoje, 5ª feira, o tríduo pascal, com a celebração
da “última ceia”. Nela, Jesus, após
partir o pão, embebe-o em vinho, distribui-o aos apóstolos e declara que um
deles o entregará a seus algozes. De imediato, instala-se a dúvida – quase
pânico – entre eles, a revelarem fragilidade e insegurança. Afinal, a qual
deles Jesus estaria se referindo? Tal dúvida é dissipada por Ele próprio,
quando esclarece: “aquele que se serviu
do prato comigo, vai me entregar.” (Mateus, 26, 14-25).
Os Evangelhos não nos esclarecem, com absoluta clareza, a
motivação de Judas Escariotes em entregar Jesus. O Evangelho de Mateus, acima
referido e o de João (12, 1-12) levam-nos a entender que tivesse sido por
dinheiro. Talvez não tenha sido esta, pelo menos, a única razão. Jesus não era
o Messias combatente, no sentido bélico, que Judas ansiava, mas isto passou a
não ter qualquer relevância, quer do ponto de vista religioso, quer do ponto de
vista histórico. O que realmente merece especial reflexão é a insegurança que
se apossou dos apóstolos, quando Jesus levantou a dúvida, a possibilidade de um
deles ser o traidor. E nós, também, não somos potenciais traidores do Cristo
crucificado? Quando nós, covardemente, voltamos as costas aos desafortunados,
não estamos traindo Cristo? Quando nós, covardemente, apontamos nosso dedo
acusador em direção a nosso semelhante, fechando os olhos a nossos próprios
erros, não estamos traindo Cristo? Quando nós armazenamos ódio e ressentimento,
esquecidos de que sempre esperamos que perdoem nossas ofensas, também não
estamos traindo Cristo? Esta é a grande reflexão que nos é imposta, neste
momento maior da cristandade. Não basta que contemplemos a cruz, sua simbologia,
o mistério que ela encerra. Fundamental é que, debruçados, silenciosamente,
sobre nós mesmos, sejamos capazes de responder: estamos sendo dignos do
sacrifício que Cristo fez por nós?
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