quinta-feira, 17 de abril de 2014

Reflexão: O Tríduo Pascal
Inicia-se, hoje, 5ª feira, o tríduo pascal, com a celebração da “última ceia”. Nela, Jesus, após partir o pão, embebe-o em vinho, distribui-o aos apóstolos e declara que um deles o entregará a seus algozes. De imediato, instala-se a dúvida – quase pânico – entre eles, a revelarem fragilidade e insegurança. Afinal, a qual deles Jesus estaria se referindo? Tal dúvida é dissipada por Ele próprio, quando esclarece: “aquele que se serviu do prato comigo, vai me entregar.” (Mateus, 26, 14-25).

Os Evangelhos não nos esclarecem, com absoluta clareza, a motivação de Judas Escariotes em entregar Jesus. O Evangelho de Mateus, acima referido e o de João (12, 1-12) levam-nos a entender que tivesse sido por dinheiro. Talvez não tenha sido esta, pelo menos, a única razão. Jesus não era o Messias combatente, no sentido bélico, que Judas ansiava, mas isto passou a não ter qualquer relevância, quer do ponto de vista religioso, quer do ponto de vista histórico. O que realmente merece especial reflexão é a insegurança que se apossou dos apóstolos, quando Jesus levantou a dúvida, a possibilidade de um deles ser o traidor. E nós, também, não somos potenciais traidores do Cristo crucificado? Quando nós, covardemente, voltamos as costas aos desafortunados, não estamos traindo Cristo? Quando nós, covardemente, apontamos nosso dedo acusador em direção a nosso semelhante, fechando os olhos a nossos próprios erros, não estamos traindo Cristo? Quando nós armazenamos ódio e ressentimento, esquecidos de que sempre esperamos que perdoem nossas ofensas, também não estamos traindo Cristo? Esta é a grande reflexão que nos é imposta, neste momento maior da cristandade. Não basta que contemplemos a cruz, sua simbologia, o mistério que ela encerra. Fundamental é que, debruçados, silenciosamente, sobre nós mesmos, sejamos capazes de responder: estamos sendo dignos do sacrifício que Cristo fez por nós? 

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