terça-feira, 7 de maio de 2013


A FALAR OUTRA VEZ DA VELOCIDADE DO TEMPO
Outro dia, falei aqui, sobre o impacto que sofri ao saber que um colega de turma era o decano do Tribunal de Justiça, com os pés na expulsória. Não se passaram quinze dias e a realidade bateu diretamente no meu rosto: estava eu aguardando o julgamento de um recurso, no mesmo Tribunal, sabedor que não me liberaria em menos de duas horas, vez que, na frente do meu, havia cerca de dez outros para serem julgados. Após o julgamento do primeiro processo, sou surpreendido com a seguinte manifestação do Presidente da Turma Julgadora: “Considerando a presença do mais antigo número de inscrição de advogado na Ordem, vamos julgar o processo nº tal...” (que era o meu). Olhei em torno e constatei que, realmente, dentre cerca de 50 advogados presentes, inclusive um de barba branca, sentado a meu lado, eu era o mais velho. Recostei na vetusta poltrona e fiquei a rememorar quantas vezes estivera eu naquela e em outras salas do Tribunal. Quanto comecei a freqüentá-lo, dentre os Desembargadores muitos havia, que eram meus professores. O tempo passou e, com muita freqüência, identifico, a meio deles, colegas e contemporâneos de Faculdade. Não é que, outro dia, lá estava, solene em suas vestes, um Desembargador, que fora meu estagiário, lá pelos anos 70? Naquele dia, em que, pela antiguidade, tive preferência, saí do Tribunal com a estranha sensação que meu tempo passara, o que me deixou um pouco deprimido. Depois, com mais calma, entrei na Catedral, procurei um isolado banco vazio e, sem muita cerimônia, agradeci a Deus, por ainda estar por aqui, com capacidade física e mental para o corre corre cotidiano. Lembrei de alguns colegas, que já se foram e orei por eles. Viver é realmente magnífico espetáculo, que precisa ser contemplado com a maior intensidade possível.

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