A FALAR OUTRA VEZ DA VELOCIDADE DO TEMPO
Outro dia, falei aqui, sobre o
impacto que sofri ao saber que um colega de turma era o decano do Tribunal de
Justiça, com os pés na expulsória. Não se passaram quinze dias e a realidade
bateu diretamente no meu rosto: estava eu aguardando o julgamento de um
recurso, no mesmo Tribunal, sabedor que não me liberaria em menos de duas
horas, vez que, na frente do meu, havia cerca de dez outros para serem
julgados. Após o julgamento do primeiro processo, sou surpreendido com a
seguinte manifestação do Presidente da Turma Julgadora: “Considerando a presença do mais antigo número de inscrição de advogado
na Ordem, vamos julgar o processo nº tal...” (que era o meu). Olhei em
torno e constatei que, realmente, dentre cerca de 50 advogados presentes, inclusive
um de barba branca, sentado a meu lado, eu era o mais velho. Recostei na
vetusta poltrona e fiquei a rememorar quantas vezes estivera eu naquela e em
outras salas do Tribunal. Quanto comecei a freqüentá-lo, dentre os
Desembargadores muitos havia, que eram meus professores. O tempo passou e, com
muita freqüência, identifico, a meio deles, colegas e contemporâneos de
Faculdade. Não é que, outro dia, lá estava, solene em suas vestes, um
Desembargador, que fora meu estagiário, lá pelos anos 70? Naquele dia, em que, pela
antiguidade, tive preferência, saí do Tribunal com a estranha sensação que meu
tempo passara, o que me deixou um pouco deprimido. Depois, com mais calma, entrei
na Catedral, procurei um isolado banco vazio e, sem muita cerimônia, agradeci a
Deus, por ainda estar por aqui, com capacidade física e mental para o corre corre
cotidiano. Lembrei de alguns colegas, que já se foram e orei por eles. Viver é
realmente magnífico espetáculo, que precisa ser contemplado com a maior
intensidade possível.
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