Lembro-me, com grande emoção, de que, amanhã, comemora-se o “dia da pátria”. Para mim, quase adolescente, a festa começava
em agosto, quando ensaiávamos para o grande desfile que percorria as principais ruas da cidade,
apinhada de público, para nos ver passar, impecáveis, vestidos de branco, ar
solene e compenetrado, dando nossa decisiva contribuição para a independência
do Brasil. Do desfile, participavam todas as escolas da cidade, mas o ponto
alto era o “Tiro de Guerra” e seus
rapazes, portando fuzis e comandado por exigente sargento, - creio que Anésio
era seu nome – a exigir firmeza no passo e cabeça erguida, pois a pátria espera
que cada um cumpra seu dever. De outro 07 de setembro, lembro-me de como me
senti diminuído, ao assistir ao desfile ao lado do General Murgel, ele
Secretário e eu Diretor da Secretaria de Segurança do Rio. Ao passar os
pavilhões nacionais – o do Império e o da República – o austero General não
impediu que duas grossas lágrimas escorrecem-lhe pelo rosto. Emoção incontida
pela qual eu, filho ingrato, não fui atingido. Apesar das críticas de sempre
(de não se poder falar em independência, em um país com povo tão dependente),
gosto da data e o que ela representa. E não se diga que nossa independência foi
conquistada “no grito”, dado às
margens do Ipiranga. Na verdade, para chegar a ela muito sangue foi derramado,
a começar pelo dos Inconfidentes, em Vila Rica, em 1789. E houve a Revolução
Pernambucana, em 1817 e a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, comandada
por Bento Gonçalves. Ensina a história que, se D. Pedro I não tivesse se
antecipado, teria sido engolido pelo movimento libertário, semeado pela
revolução Francesa de 1789 e pela Independência dos Estados Unidos, em 1776.
Mas não carece viajar no tempo, até porque não é a para isto que
gravo estas “mal traçadas”. Registro
o espírito aberto à conciliação e à esperança que devemos abraçar, neste dia.
Nada se resolverá, afirmando que o Brasil não tem mais solução. Claro que tem,
bastando que “o filho teu não fuja à luta”.
Este é o País que, mal ou bem, construímos para filhos e netos e, só por isto,
nele temos que acreditar. É claro que o aeroporto não é a saída, porque não há
de contente em ser eterno estrangeiro. Amanhã, acordarei cedo para ver a
desfile, sentir o peito urfando, , respirar o ar da liberdade e pisar firme,
porque este solo é meu. Pátria amada, salve, salve!
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