sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Rodolfo e Bolsonaro


Desde terça-feira, Rodolfo, meu politizado pastor alemão, cerca-me, a pretexto de assunto urgente. Como sei do que se trata, evito-o, quanto posso. Por óbvio, Rodolfo quer saber da entrevista de Jair Bolsonaro, na última segunda-feira, ao ¨Roda Viva” da Tv Cultura. Debate pífio, pela baixa qualidade dos entrevistadores, que, ao invés de extraírem as ideias do presidenciável, injetaram sangue petista nos olhos e pressionaram Bolsonaro a expor conceitos preconceituosos. E ficar, por todo um bloco, a falar da morte de Vladimir Herzog, ocorrida há quarenta longínquos anos, é sair do debate essencial, e apenas se pretender colocar casca de banana à frente do candidato. Entre enojado e entediado, mudei de canal, ao final do segundo bloco. Ontem, mal chegante em casa, Rodolfo me abordou. Que era falta de consideração eu evitá-lo, ele, sempre atento às minhas necessidades, etc  etc. Envergonhado, prometi-lhe toda a atenção, após o jantar. Encerrado este, como estava muito frio, pedi permissão a quem manda  para que ele entrasse e se acomodasse, a meu lado, no sofá da sala, Jobim “rodando na vitrola, sem parar”. O assunto era mesmo o debate, mas, antes que eu iniciasse a exposição acima, Rodolfo, cheio de entusiasmo, foi logo dizendo: “você viu que sucesso? “Roda Viva” alcançou inusitado índice de audiência e, pesquisa realizada após o debate, indica que nosso candidato “subiu 02 pontos percentuais nas intenções de votos””. Retruquei: “espera aí, Rodolfo”, “nosso candidato”? Eu, cá de mim, ainda não decidi. Confesso minha simpatia por Bolsonaro, mas gostaria de conhecer suas ideias sobre temas, como redução do déficit público, reforma previdenciária, tributária, administrativa e tantas outras, a clamarem por urgência.¨Bobagem, - rebateu Rodolfo – o homem é nosso “Trump brasileiro”. Nunca esteve envolvido em qualquer ato de corrupção e, por não querer enganar o eleitor, afirma nada entender de economia, mas que se assessorará por quem entende. Afinal, Getúlio, Juscelino, os presidentes militares entendiam de economia? Bolsonaro, meu caro, tal qual Trump o foi, é apoiado pela “maioria silenciosa”, que sofre com a falta de emprego, com salários aviltados, com juros inimagináveis ao mais inescrupuloso  agiota. Trump, atacado pela grande mídia, que apoia o sistema – até por       que vive dele – está fazendo os Estados Unidos crescerem a uma taxa de 4%. Bolsonaro, aqui, é o anti-sistema,  atacado por “Veja”, “Isto é”, “Globonews”, que sempre estiveram a serviço dos grandes conglomerados, por isso é o candidato da maioria, feita silenciosa.”
Como a noite avançava e o frio idem, despedi-me de Rodolfo, todavia levando seu discurso comigo. Será que meu amado pastor alemão está certo?

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