Ousei falar do direito de Lula disputar a eleição, pra que,
levei bala, por todos os lados. Amiga queridíssima, em mensagem tresloucada,
afirmou que deixaria de ler meus escritos. Melhor prá ela. Amigo importante,
nome conhecido e respeitado na praça, puxou-me as orelhas, dizendo que não
ficava bem, eu, “lacerdista e udenista,
membro da direita progressista”, defender ideia tão estapafúrdia. Outro,
cujo nome não ligo à pessoa, recomendou-me restringir às pálidas estórias de
ficção, “porque da realidade atual você
está esclerosado”. Claro que estou, afinal sai da primeira metade do século
passado, mas ainda perduro na “libertas
quae será tamen”, vale dizer, por mais que abomine Lula e o petismo,
abomino mais o arbítrio.
Por falar em estórias, devo falar de Laura, nossa empregada,
entrante eu na puberdade. Era muito feia, mas bem servida de seios e bunda.
Seus admiradores, em esmagadora maioria, situavam-se entre as forças armadas,
no caso, os valorosos integrantes da então
força pública de Minas Gerais. Tão logo encerradas as tarefas noturnas – isto lá
pelas 8 da noite -, Laura enfeitava-se, salpicava estonteante perfume e descia
à rua, ao encontro de seu amor de momento. Rua escura, andavam pela calçada,
mãos dadas, beijinho só no rosto, que era moça direita, e não dada a esfregações.
10 horas, cumprindo o horário, imposto a todas pelo meu pai, Laura subia as
escadas e se recolhia a seu quarto,
atrás da cozinha. Foi em um sábado, à noite, que o furduncio aconteceu:
Laura soubera que seu amado andava de bolinação com outra e se preparara para
tirar satisfações. Não era porque ele era sargento da polícia que podia fazê-la
de boba. Ela, que largara comerciante, com banca no mercado e tudo mais, para
ficar com ele. Como fui ao cinema ou jogar conversa fora com os amigos, não vi
o entrevero, mas, ao voltar, fiquei sabendo que Laura tirara o cinturão do
policial e dera-lhe contundente surra. Fora presa por desacato à autoridade e
meu pai tinha ido à delegacia para liberá-la. No maior alvoroço esperamos pelo
retorno de ambos, o que aconteceu madrugada chegando. Laura, altiva, certa de
que lavara a sua honra e de toas as mulheres traídas. Quanto ao sargento
surrado, pediu transferência para outra cidade.
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