quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Quem tem medo de Lula?


Pesquisa Ibope deu Lula na cabeça, com 37% das intenções de voto, seguido de Bolsonaro com 18% e, depois, a raia miúda com oito ou menos por cento. A leitura óbvia é que, se deixassem, Lula venceria, fácil, as eleições. E, por que não deixam? Na verdade, afastados falsos pruridos, o “impedimento” de Lula já estava tramado, de larga data. A lava jato dizia que Lula, além de várias propriedades, aqui e além-mar, possuía centenas de milhões depositados alhures. Como não identificaram esse alhures e muito menos aqueles magníficos e hipotéticos imóveis, sobraram um mequetrefe apto., situado numa praia idem e um sítio, com propriedade e registro em nome de terceiras pessoas. Era muito pouco, quase nada para quem tinha tanto poder, mas, no caso, como pretexto, dava pro gasto. Assim, lastreado em indigente prova – depoimento de delator – questões técnicas foram postas de lado e Lula foi condenado, com velocidade processual de fazer inveja a nós outros, advogados de longo curso, a esperarmos 05 ou mais anos que os processos cheguem ao final. Em qualquer país, minimamente sério, Lula nem mesmo seria processado e, se o fosse, impossível sua condenação. O pequeno Supremo Tribunal Federal, rasgando texto expresso da Constituição, admitiu a prisão em segunda instância; e o Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, furando a fila, passou o processo de Lula na frente e confirmou Sergio Moro, esse paladino da moralidade que, com frequência, dá uma volta pelo Estados Unidos, que ninguém é de ferro. Reunidos os dois tribunais, estava montado o Jogo para impedir a candidatura de Lula. Aí vem esta pesquisa, a demonstrar que ele foi o que sobrou de liderança neste melancólico País, cujos líderes, tão distantes, perderam-se, na poeira do tempo. Eu, cá de mim, tenho a convicção formada de que a condenação de Lula foi pura armação do poder político, tendo, como “mão-do-gato” o poder judiciário. Quem tem medo de Lula? Jamais nutri qualquer simpatia por ele, mas medo, mesmo, tenho do arbítrio, principalmente quando este vem institucionalizado, guiado por interesses inconfessáveis. O prestígio popular é fato incontestável. E, a propósito, extraio de livro, que estou a ler, o seguinte registro, atribuído a John Adams: “fatos são coisas teimosas; e quaisquer que sejam nossos desejos, nossas inclinações, ou os ditames de nossa paixão, eles não vão alterar o estado dos fatos e das evidências” (in “Como os Advogados salvaram o mundo”, José Roberto de Castro Neves, editora “Nova Fronteira”).

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