Felizmente, terminou a crise gerada pela paralisação dos
caminhoneiros, deixando salgada conta a pagar e a certeza de que o governo
Temer arrasta-se, para chegar a melancólico final. A equipe econômica esfacelou-se
com a saída de Meirelles e o ilustre desconhecido, que assumiu a Pasta da
Fazenda, enrolou-se na hora de explicar de onde tirar recursos para tapar o
rombo com o subsídio ao diesel. Parece que, como nos filmes, em que o mordomo é
sempre o culpado, vai sobrar para os “frentistas”
dos postos de gasolina, já que, dentre as propostas, está a de incentivar
bombas de auto-atendimento. Aliás,
pensando bem, concordo que se punam esses privilegiados trabalhadores que, ao
longo da semana, ficaram a nos repetir: “não
tem gasolina”. Com toda certeza, desviaram eles combustível para suas “Ferrari” ou jatos particulares. Mas a
crise passou e, apesar dos decretos e medidas provisórias, não está ela, pelo
menos, equacionada, com o presidente da Petrobrás afirmando que nada muda no critério
de aumento dos combustíveis: subiu o dólar ou o preço do petróleo, no mercado
internacional, tome-lhe aumento. Some-se aos prejuízos da semana o caráter (ou
a falta dele) dos que especularam com as ações da Petrobras e os donos de
postos que chegaram a vender gasolina a 10 reais. Êta povinho mal acabado!
Afinal, depois de quase 03 décadas, se somos quase autossuficientes em petróleo,
por que tanta dependência do mercado externo? Alguém aí, em linguagem simples,
poderia explicar por que não refinamos todo o petróleo produzido, por aqui?
Outro dia, Rodolfo, meu politizado pastor alemão, perguntou-me se era verdade
que o Brasil exportava petróleo bruto e importava seus derivados. Tive vergonha
de responder e, até ontem, ele me cobrava a resposta. Hoje, ao sair, ele me “fechou”, exigindo esclarecimento lógico.
Respondi-lhe que não reunia elementos para tanto e o mundo da economia, com
suas abstrações, cálculos de probabilidades, linguagem indecifrável, estava
muito além de meu raquítico saber. Cliente, que se tornou amigo querido –
Norberto de Camargo Engelender é seu nome -, emérito Professor universitário,
presenteou-me com livro de sua autoria, “Dicionário
Básico de Economia e Finanças”, que, nestes dias conturbados, consulto,
como recorro ao “Aurélio”. Aprendi,
por exemplo, que além de cambio de automóvel, tem-se “cambio cooperativo”, “cambio
flutuante” e alguns outros que, na primeira oportunidade, vou citar, só
para me gabar. Estou na letra “c” do dicionário
do Norberto e, se alcançado os 90 anos, chegarei, pelo menos, à letra “p”, onde identifiquei expressão para
deixar todo mundo de queixo caído: “paradoxo
de parcimônia”. Ainda não tenho a mínima ideia do que seja, mas, pelo jeitão,
parece coisa de Platão. Aliás, a meu canhestro juízo, o grande equivoco que
comentem muitos economistas, inclusive o senhor Paulo Parente, é esquecer que a
ciência, que os rege, chama-se “economia política”
e, sendo também política, o êxito de seu funcionamento depende das condições políticas
de momento. Ora, tais condições “de momento” não permitem que os caminhoneiros
e a população, , em geral, assimilem aumento de combustível toda vez que o dólar
oscilar para cima, ou aumentar o preço do barril de petróleo, no mercado
internacional. Nossa realidade política é do desemprego, atingindo 12 milhões
de trabalhadores; é dos salários achatados; é da absurda concentração de renda;
é da preponderância das atividades especulativas como, por exemplo, ignominioso
cartel formado pelos bancos e seus lucros estratosféricos. Como a Petrobrás vai
equilibrar as finanças, este é o problema para ela e seus “cientistas”
resolverem. O que me parece – ignorante que sou – incompreensível é empresa,
que tem o monopólio da exploração e distribuição do petróleo e seus derivados,
esteja graduada abaixo daquela que produz e vende cerveja e refrigerante. Acho
que preciso consultar meu caro Norberto.
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