segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Para colocar a verdade histórica em seu lugar



Em artigo publicado na edição de outubro da “Revista do Advogado”, sob o título “A difícil reforma política”,o ilustre advogado Eduardo Muylaert, notório membro da “esquerda caviar”, lá pelas tantas, afirma que “fator importante que pesou na derrocada do governo militar foi a péssima situação da economia no fim do regime autoritário”. O insigne advogado e este modesto escriba pertencem a mesma geração e, assim, viveram aqueles tempos. Muylaert, bem ao estilo da esquerda, não afirma, mas insinua que a crise econômica de 1981, que se abateu sobre o Brasil, foi provocada por incompetência do governo Figueiredo. Nada mais falso! A crise, na verdade, iniciou-se no governo Geisel e “estourou”, nas mãos de Figueiredo. Na época, 85% do petróleo, consumido no país, era importado e, de repente, o preço do barril pulou de 02 para 14 dólares. Quase ao mesmo tempo, a taxa de juros, nos Estados Unidos, teve um reajuste de 20%, com reflexos em nossa dívida externa. Foi, então, que Figueiredo dispensou Mario Henrique Simonsen, colocando, em seu lugar, Delfim Netto, que ocupava a Pasta de Agricultura. Delfim granjeara prestígio nacional e internacional, vez que, fora o “mago” da época mais  auspiciosa da economia brasileira – governo Medici -, quando crescemos à inimaginável taxa de 9% ao ano, sobravam empregos e o salário mínimo equivalia a 300 dólares, equivalência jamais encontrada nos períodos subsequentes. Delfim, graças a sua credibilidade, junto à comunidade econômica-financeira, nacional e internacional (Clube de Paris, Banco Mundial e FMI) reequilibrou nossas contas e, ao passar o governo, nossa economia estava estabilizada. Por outra banda, falar em “derrocada do governo militar”, como o faz ilustre advogado, é afastar-se da verdade histórica. O retorno do País à normalidade democrática já estava desenhada, desde o governo Geisel, que extinguiu o AI-5 e sancionou a Lei da Anistia, permitindo o retorno dos exilados. Figueiredo foi ungido – contra a vontade da “linha dura” – com o compromisso de devolver o governo ao poder civil. Quando Paulo Maluf derrotou Mario Andreazza, na Convenção da Arena, o próprio “sistema” começou a trabalhar pela vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral: Delfim Netto foi interlocutor, junto à classe empresarial e o Ministro do Exército, General Leonidas Pires Gonçalves, aparou arestas existentes entre os militares. Tancredo era civil confiável, tanto assim que manteve o General Leonidas, no Ministério do Exército e, para a Pasta da Fazenda, foi Francisco Dornelles, que servira ao governo Médici, como Secretário da Receita e ao Governo Geisel, como Procurador Geral da Fazenda Nacional. Cumpriu-se assim, o programado: o retorno do governo ao poder civil se deu de modo gradual e seguro. Os principais líderes civis da época – Franco Montoro, Ulisses Guimarães e o próprio Tancredo – sabiam que a prudência mandava que, se quisessem o Poder de volta, deveriam seguir as regras do jogo, estabelecidas pelo “sistema militar”. Tanto assim é que, Tancredo agonizante, enquanto se  discutia  quem deveria assumir, quem decidiu pelo sucessor de Tancredo, foi o General Leonidas, representando a “voz dos quartéis”, decisão que recaiu sobre Sarney, que sempre pertenceu ao “sistema”, enquanto Ulisses era considerado “rebelde”.
Quem não foi testemunha ocular daqueles tempos, poderá, em livros isentos, confirmar que os fatos se passaram como aqui narrados. Falar em “derrocada do regime militar”, é contar bravata, o que é típico da “esquerda caviar”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário