quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A escolha do caminho



Este blog tem tido suas matérias interrompidas – e outras interrupções haverá -, por conta de obstáculo a ser vencido e que anda asfixiando os poucos neurônios, que ainda me restam ativos. Estou chegando ao ponto crucial do livro, que escrevo, há quase um ano e que, apesar de ficção, tem relevante conteúdo histórico, que exigiu pesquisa. O livro tem, como título provisório, “Amor em tempo de ódio” e  conta a história de dois pré-adolescentes apaixonados que, em determinado momento de suas vidas, seguem rumos diferentes, ela, alemã, mas filha de judeus alemães, ele, alemão puro, que ingressa na juventude nazista e faz carreira no exército alemão. Em 1.944, ela e os pais são enviados a um campo de concentração, onde ele, por ironia do destino, é o comandante. Hitler já tinha desencadeado a “solução final”, que consistia no extermínio, em massa, de todos os judeus aprisionados. E, agora, ei-lo dividido entre o amor revisitado e o cumprimento do dever de soldado. Estou há mais de uma semana, procurando a melhor alternativa: o amor ou o ódio? Nos livros anteriores, não vacilei em matar os personagens principais, pois, se não o fizesse, o enredo se quebraria. Todavia, agora, os dois caminhos surgem possíveis, harmônicos com toda a trama. É claro que a morte é mais condizente com os fatos históricos. Além do mais, salvar a heroína e seus pais exigirá estratégia que ainda não construí. Soma-se tudo isto ao estresse de final de  ano. Mato, ponho ponto final e encerro o livro. Por outro lado, por que não um pouco de poesia, sobrepondo o amor ao ódio? Afinal, o ano se aproxima de seu poente, trazendo, com o Menino Jesus, a esperança de um novo tempo, onde ressentimento ceda lugar à harmonia, à esperança de vivermos juntos, sem que, para sermos felizes, não precisemos provocar a infelicidade de nosso semelhante. Por outro lado, naqueles tempos, incompreensíveis tempos, quando a barbárie tomou assento, a única esperança estava em amanhecer, no dia seguinte. Persisto, na dúvida do caminho a escolher. Enquanto rascunho caminhos opostos, o ”blog” vai ficando de lado.

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