A edição do mês de outubro, da “Revista do Advogado” foi, inteiramente, dedicada à reforma
política, com acurada análise de ilustres juristas, dentre esses, dois ex
Ministros do Supremo Tribunal Federal, Eros Grau e Nelson Jobim, esse com longa
passagem pelo Legislativo, a saber, pois, como funciona, na prática, o processo
legislativo. Os temas desenvolvidos, com extrema cultura, na “Revista”, todavia, passam, ao largo da
questão essencial: como efetivar a necessária reforma. Todos sabemos ser ela
imprescindível à consolidação de nossa sempre tênue democracia. Quando se desce
da teoria à prática, esbarra-se nos liliputianos interesses dos políticos e dos
respectivos partidos. O Poder Executivo, para minimamente funcionar, aprovar
projetos de lei, vê-se obrigado a, no rés do chão, barganhar com os famigerados
“representantes do povo”. É até
risível imaginar que esses senhores e senhoras irão abrir mão de seus
privilégios, para pensarem no interesse do País. São partidos políticos, a
defenderem, com unhas e dentes, seus pedaços do bolo, cujos ingredientes são
cargos e dinheiro. Basta dar rápida passeada pela história, para se constatar
que as grandes reformas surgiram, durante os períodos ditatoriais. A legislação
trabalhista, os Códigos, Penal, Processo Penal e Processo Civil surgiram na
fase mais dura – entre 1937 e 1945 – da ditadura Vargas. A criação do BNH, do BNDES, o surgimento do FGTS, em
substituição à estabilidade, após 10 anos de trabalho contínuo, aconteceram
durante o regime militar, instalado em 1964. Vivemos dias de fragmentação das
instituições e, de todas, apenas as Forças Armadas merecem o respeito da
população que saiu às ruas para derrubar Dilma e o lulopetismo, mas a elas não
retornará, porque ninguém quer ser identificado com qualquer grupo político. É
deslavada mentira afirmar que os políticos precisam “ouvir a voz das ruas”. Essas, pelo desencanto, ficaram mudas e as
reformas, que tramitam, se saírem, sairão trôpegas, como a reforma trabalhista,
que já nasceu moribunda, porque os próprios juízes já disseram que não vão
cumpri-la. O Ministro Meirelles afirma que, se a reforma previdenciária não for
aprovada, a Previdência quebra, no máximo, em 05 anos. O Presidente Temer jogou
a toalha: se tal reforma não for aprovada, tudo bem, ele, pelo menos, tentou.
O Brasil segue, à deriva, cada dia se afastando mais do mundo
civilizado. Quem colocará no rumo certo, consertando as instituições rachadas e
promovendo as reformas, que sabemos urgentes e necessárias? A história nos fornece
a resposta.
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