O HOMEM E A NATUREZA
No Evangelho
de hoje, 22, Marcos, narra a passagem na qual Jesus é questionado pelos
fariseus, a respeito de alguns agricultores estarem trabalhando aos sábados. Como
é sabido, o descanso sabático é tradição imposta aos judeus. Após dar suas
justificativas, Jesus conclui dizendo: “O
sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.” (Marcos, 2, 23-28).
Invoco tal passagem bíblica em razão de matéria, veiculada no “Fantástico” de
domingo último, dando conta do absoluto estado de miserabilidade do agreste
nordestino, destruído pela falta de água, problema que, no mínimo, estaria
minimizado se estivessem concluídas as obras de transposição do Rio São
Francisco, obstaculada pela nefasta ação dos ambientalistas, que insistem em
afirmar que tais obras irão degradar o meio ambiente. Vamos, até por amor ao
debate, aceitar que tal fato ocorra. Mesmo assim, cabe-nos invocar o que, em
Direito, chamamos “inexigibilidade de outra conduta”, que significa optar, entre
duas condutas negativas, pela que produz resultado menos danoso. Assim, é de se
perguntar: o que é mais importante, proporcionar ao desafortunado sertanejo o
mínimo de condição de vida digna, mesmo degradando a natureza, ou manter essa
intacta, enquanto aquele, literalmente, morre de fome? Busco os ensinamentos de
Cristo e, humildemente, aproprio-me de sua lição, mudando os substantivos: “A natureza foi feita para o homem e não o
homem para a natureza.”
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