A VOLTA DOS “MORTOS-VIVOS” OU A IDA DOS “VIVOS-MORTOS”
Por vezes nos enganamos com os
destinos da América Latina, imaginando que, ultrapassada a fase do populismo, pudéssemos
deixar de integrar o “terceiro mundo”, subdesenvolvido econômico, social e
intelectualmente falando. Mas aí, de repente, emerge um episódio, como o agora
vindo da Venezuela, a nos colocar no miserável lugar, que sempre ocupamos. Se
Hugo Chavez está vivo ou morto, isto parece de nenhuma importância, mas só “parece”,
porque, na verdade, este “morto-vivo”, ou “vivo-morto”, continua comandando os
destinos daquele País. Não importa o ordenamento jurídico estabelecer que, não
tendo tomado posse no último dia 10, outra eleição deveria ser marcada. Não
importa se a instabilidade política compromete a economia da Venezuela. Na
verdade, o que importa é que o caudilho morto-vivo ou vivo-morto continua a
comandar os destinos daquele País e os analistas já afirmam que a ausência de
Chavez não será o fim do chavismo. É claro que não, porque esta é a marca
registrada das nações subdesenvolvidas: peronismo, sem Perón; getulismo, sem
Getúlio e até, em nossos dias e em nossas terras, se fala em lulismo, sem Lula.
Enquanto a Europa e os Estados Unidos, sem caudilhos de plantão, recuperam-se
da crise econômica experimentada, a América Latina (à exceção, pelo menos por
enquanto, de Chile e Peru), patina entre um crescimento medíocre e negativo, tendo
a pior educação e a pior saúde pública do planeta. Mas, graça suprema, confia
em ídolos de barro, que agora, como os furacões, tem nome de mulher. E esses
ídolos, por incontestável coerência, vão para Cuba, beijar as mãos do maior dos
“mortos-vivos” ou “vivos-mortos”.
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