terça-feira, 15 de janeiro de 2013


A VOLTA DOS “MORTOS-VIVOS” OU A IDA DOS “VIVOS-MORTOS”

Por vezes nos enganamos com os destinos da América Latina, imaginando que, ultrapassada a fase do populismo, pudéssemos deixar de integrar o “terceiro mundo”, subdesenvolvido econômico, social e intelectualmente falando. Mas aí, de repente, emerge um episódio, como o agora vindo da Venezuela, a nos colocar no miserável lugar, que sempre ocupamos. Se Hugo Chavez está vivo ou morto, isto parece de nenhuma importância, mas só “parece”, porque, na verdade, este “morto-vivo”, ou “vivo-morto”, continua comandando os destinos daquele País. Não importa o ordenamento jurídico estabelecer que, não tendo tomado posse no último dia 10, outra eleição deveria ser marcada. Não importa se a instabilidade política compromete a economia da Venezuela. Na verdade, o que importa é que o caudilho morto-vivo ou vivo-morto continua a comandar os destinos daquele País e os analistas já afirmam que a ausência de Chavez não será o fim do chavismo. É claro que não, porque esta é a marca registrada das nações subdesenvolvidas: peronismo, sem Perón; getulismo, sem Getúlio e até, em nossos dias e em nossas terras, se fala em lulismo, sem Lula. Enquanto a Europa e os Estados Unidos, sem caudilhos de plantão, recuperam-se da crise econômica experimentada, a América Latina (à exceção, pelo menos por enquanto, de Chile e Peru), patina entre um crescimento medíocre e negativo, tendo a pior educação e a pior saúde pública do planeta. Mas, graça suprema, confia em ídolos de barro, que agora, como os furacões, tem nome de mulher. E esses ídolos, por incontestável coerência, vão para Cuba, beijar as mãos do maior dos “mortos-vivos” ou “vivos-mortos”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário