DÁ PARA ENTENDER??
Tenho (ou tinha) um amigo-cliente
que, já lá vão alguns bons dez anos, me disse que ia pegar seu veleiro, sair, sem
destino certo mar adentro e só voltaria quando se desse para entender o Brasil.
A última notícia que tive dele foi coisa de seis meses, durante o julgamento do
mensalão. Vivia ele na Polinésia Francesa, trabalhando de segurança naqueles
hotéis-palafitas, existentes naquelas milionárias paragens. Ligou-me para saber
como andavam as coisas por aqui. Falei-lhe do julgamento, dos crimes e das
penas e ele apenas perguntou: “Ué, mas
não é isso que vereadores e deputados fazem e sempre fizeram, barganhando a
aprovação de projetos dos Governos, em troca de emendas parlamentares, envolvendo
polpudas somas de dinheiro?” Como eu não lhe soube responder adequadamente,
disse-me que então não era hora de voltar. Ontem, ligou-me da Nova Zelândia, pedindo-me
notícias do Brasil. Para não dizer que eu estava tomando partido, que estava de
má vontade com a Presidente, limitei-me a ler-lhe algumas notícias da mídia: “O Governo vai reduzir, em 20% o preço da
energia elétrica, o que vai provocar um rombo de mais de oito bilhões no
orçamento da União; que a gasolina vai ter um reajuste de 5%, porque a
Petrobrás está “no vermelho”; que as contas públicas não estão fechando, apesar
da arrecadação ter ultrapassado a um trilhão de reais; que D. Dilma deu
entrevista afirmando que a crise européia está melhorando, apesar da Inglaterra
estar dizendo que vai pular fora do euro, a França, já na bancarrota, ter
entrado numa guerra, que não tem prazo para terminar e o desemprego na Espanha
ter batido a marca dos 20%.” “E o meu
Palmeiras?”, perguntou-me ele. Absurdamente constrangido disse-lhe que
passará a disputar a segundona. Mas, em compensação, vai fazê-lo em um dos mais
modernos estádios do mundo, uma beleza, você precisa conhecer. “Eu?”, gritou-me ele. “Vou passar uma temporada com os esquimós, no
Alaska e, lá para julho, volto a lhe telefonar.” E desligou, sem me dar
tempo de desejar-lhe felicidades.
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