quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


DÁ PARA ENTENDER??
Tenho (ou tinha) um amigo-cliente que, já lá vão alguns bons dez anos, me disse que ia pegar seu veleiro, sair, sem destino certo mar adentro e só voltaria quando se desse para entender o Brasil. A última notícia que tive dele foi coisa de seis meses, durante o julgamento do mensalão. Vivia ele na Polinésia Francesa, trabalhando de segurança naqueles hotéis-palafitas, existentes naquelas milionárias paragens. Ligou-me para saber como andavam as coisas por aqui. Falei-lhe do julgamento, dos crimes e das penas e ele apenas perguntou: “Ué, mas não é isso que vereadores e deputados fazem e sempre fizeram, barganhando a aprovação de projetos dos Governos, em troca de emendas parlamentares, envolvendo polpudas somas de dinheiro?” Como eu não lhe soube responder adequadamente, disse-me que então não era hora de voltar. Ontem, ligou-me da Nova Zelândia, pedindo-me notícias do Brasil. Para não dizer que eu estava tomando partido, que estava de má vontade com a Presidente, limitei-me a ler-lhe algumas notícias da mídia: “O Governo vai reduzir, em 20% o preço da energia elétrica, o que vai provocar um rombo de mais de oito bilhões no orçamento da União; que a gasolina vai ter um reajuste de 5%, porque a Petrobrás está “no vermelho”; que as contas públicas não estão fechando, apesar da arrecadação ter ultrapassado a um trilhão de reais; que D. Dilma deu entrevista afirmando que a crise européia está melhorando, apesar da Inglaterra estar dizendo que vai pular fora do euro, a França, já na bancarrota, ter entrado numa guerra, que não tem prazo para terminar e o desemprego na Espanha ter batido a marca dos 20%.” “E o meu Palmeiras?”, perguntou-me ele. Absurdamente constrangido disse-lhe que passará a disputar a segundona. Mas, em compensação, vai fazê-lo em um dos mais modernos estádios do mundo, uma beleza, você precisa conhecer. “Eu?”, gritou-me ele. “Vou passar uma temporada com os esquimós, no Alaska e, lá para julho, volto a lhe telefonar.” E desligou, sem me dar tempo de desejar-lhe felicidades.

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