quarta-feira, 12 de abril de 2017

Por causa de Maria, mãe do Senhor morto.





Nesta quarta-feira da semana santa, ousaria falar de Maria, mãe de Jesus e, especialmente, de sua indiscutível dor. Na 4ª estação da via sacra dolorosa, Jesus, ensangüentado, humilhado, encontra sua mãe, dor feita mais intensa pela absoluta impotência de defendê-lo ou, até mesmo, amenizar o flagelo a que o filho foi submetido. Ao longo do lúgubre caminho, Maria assistirá, inerte, ao progressivo sofrimento de Jesus, até sua crucificação, culminando por recebê-lo, morto, nos braços – 13ª estação. Inimaginável a dor, incomensurável dor, que tomou conta de Maria, naquele momento. Por certo, em quadros rápidos, percorreu toda a vida daquele filho amado, desde seu nascimento, passando pelas suas travessuras, nas ruas de Nazaré, sua peregrinação, ensinando a incompreendida lição de amor ao próximo, até chegar àquele trágico desfecho. Quantas vezes, ali, com a cabeça do Senhor morto, apoiada em seus braços, Maria não deve ter se perguntado “por que?” e “para que?” E, ao fazer tal reflexão, impossível não pensar em todas as “Marias”, de diferentes nomes e localidades que, todos os dias, tomam, em seus braços, filhos mortos, sempre perguntando, entre lágrimas, “por que?”. Quantas mães, Marias ou não Marias, choraram, na Síria, seus filhos, queimados vivos, pela bestialidade dos que têm, como único objetivo, o Poder. Quantas mães, Marias ou não Marias, recebem, tresloucadas, filhos mortos, vítimas de balas perdidas, ou assassinados, por causas banais. E quantas Marias e não Marias morrem, ainda vivas e vão morrendo, um pouco a cada dia, por terem enterrado filhos, vitimados por inesperadas doenças.
Olho para a 13ª estação da “via crucis”, e vejo, menos Jesus e mais, muito mais Maria, seus olhos, tomados pela saudade, seu corpo, dilacerado pela dor da incompreensão da morte do filho, saudade e dor que dilaceram todas as Marias e não Marias que afagaram seus filhos mortos. Humildemente, através da Maria, mãe de Deus,  rezo por todas as Marias e não Marias, que padeceram deste sofrimento, inclusive pela minha mãe, também Maria, cujo olhar, atônito, parado, ainda vejo contemplando meu irmão, no caixão.
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor esteja convosco e com todas as Marias e não Marias que vivem o mesmo sofrimento que vivestes.

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