Rápida digressão sobre
a vaia e o aplauso
As ofensas, recebidas pela Presidente Dilma, na abertura da
copa do mundo, remeteu-me ao longínquo ano de 1971. Final do campeonato
carioca, Botafogo e Fluminense, mais de 150 mil espectadores lotam o Maracanã.
De repente, o serviço de alto-falantes do estádio informa: “anunciamos a chegada do senhor Presidente da
República, general Emilio Garrastazu Médici.” Foram, pelo menos, cinco
minutos de aplausos. Aliás, o Presidente Médici, fanático por futebol e
torcedor do Flamengo, era presença constante no Maracanã, sempre com radinho de
pilha ao ouvido. Chegava sem qualquer aparato especial, assistia ao jogo e
depois ia embora, sem maiores salamaleques, mas sempre sob os aplausos do
publico presente. Os flamenguistas consideravam-no “pé quente”, os torcedores
viam-no como um Presidente sereno, que conduziu o País com competência e
seriedade: o Brasil crescia a 9%; vivíamos período de pleno emprego e podíamos
andar, com tranqüilidade, pelas ruas, sem corrermos o risco de ser assaltados,
ou atingidos por bala perdida. Quanto à repressão política, ficava ela adstrita
a repressores e reprimidos, fato que passava bem longe da população. E ainda
havia o Botafogo de Jairzinho, o Corinthians de Rivelino, o Santos de Pelé e
não este bando de pernas de pau, em que se transformou nossa seleção.
Tudo isto reunido, difere a vaia de hoje e os aplausos, de
ontem.
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