O Idi Amin do Supremo
Poderia ser apenas bizarra estória, mas, para infelicidade
das já combalidas instituições nacionais, foi indigno acontecimento real:
ilustre advogado, na véspera da estréia do Brasil na copa do mundo, pendura-se
em um avião e sai de São Paulo em direção a Brasília para, na Corte Suprema,
pugnar por legítimo interesse de cliente seu, direito esse que se acha
obstruído pelo sempre espetaculoso Ministro Joaquim Barbosa. Vai a Tribuna e,
com a eloqüência que o caracteriza, exige que aquele Ministro leve à apreciação
de seus pares, matéria relevante e preferencial, porque envolve a liberdade, o
mais sagrado dos direitos humanos. O que faz o “nosso” Idi Amin? Primeiro,
desliga o microfone do advogado; depois, determina aos seguranças que o retire,
à força, da Tribuna. Gesto de truculência, próprio de quem jamais deveria ter
integrado a Corte e, integrando-a, acabou por deixar indelével nodoa, que
perdurará por muito tempo. Depois, a mídia – talvez impulsionada pela
assessoria do Ministro – notificou que o advogado estava embriagado. Talvez
estivesse mesmo, mas embriagado pela emoção dos que lutam luta justa e pela
coragem dos que enfrentam tiranos e tiranetes.
Leio que uma Entidade, representativa dos direitos raciais,
está exigindo da Presidente que outro negro substitua Joaquim Barbosa. Apenas
para lembrar: a Constituição Federal estabelece, como condições para ser
admitido na Corte Suprema, que tenha o candidato “ilibada reputação e notório saber jurídico.” Independentemente de
cor ou raça, exige-se do postulante a Ministro que tenha conhecimento técnico e
equilíbrio, características que, se tivessem sido observadas, teriam deixado
Joaquim Barbosa longe da Corte.
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