O dia do idoso
Pelo “Google notícias”
chega-me a informação de que hoje, 1º/10, comemora-se o “dia do idoso”, isto é, daqueles que chegaram aos 60 anos. Há os que
falam em “melhor idade” e há os que,
mais pé no chão, falam em “pior idade”,
por todos os males físicos que o tempo, este carrasco sem piedade, vai
depositando. Prefiro chamar de “última
idade”, porque, a partir dos 60 anos, podemos, a qualquer momento, ser
convocados pelo Todo Poderoso. Eu, cá de mim, muito além de 60, tive o privilégio
de viver o surgimento da bossa nova, Vinicius, Jobim, depois Toquinho e Chico.
No teatro, emocionei-me com Cacilda, em “A
volta ao lar”, com Maria Fernanda em “Um bonde chamado desejo”, com Tônia em “As pequenas raposas”, com Fernanda Montenegro em “O homem do princípio ao fim” e quase
tudo que ela fez. No futebol, vi a incomparável seleção de 70 e o Botafogo de
Jairzinho, Gerson, Paulo Cesar Caju, Marinho Chagas, todos no mesmo tempo.
Vivi, na faculdade, o pré e o pós 64 e as agitadas “assembléias”, onde decidíamos o destino do Brasil e do mundo. Vi -
amando ou odiando – a atuação de políticos de verdade, Juscelino, Lacerda,
Brizola, Adauto Lucio Cardoso, Afonso Arinos.
O “Google” informa
que o dia de hoje é “um marco importante
na garantia de direitos dessa faixa etária”. Rasa e inútil mentira. Depois
dos 60 – no mínimo – vamos sendo, progressivamente, expulsos da sociedade,
tanto que os Magistrados, mesmo estando no melhor de sua intelectualidade, são
aposentados, compulsoriamente. Não sei se é certo ou errado, mas é a inexorável
lei da vida: os mais velhos cedendo espaço aos mais jovens. O que alguns idosos
têm a comemorar neste dia – e eu me incluo – é o simples fato de ainda estarmos
vivos, razoavelmente saudáveis, continuando a trabalhar e contemplando esta
radiosa manhã de primavera.
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