Uma triste despedida
A grande missão de um meio de comunicação é informar a seus
leitores, pautando-se pela verdade dos fatos e emitindo o mínimo de juízo de
valor, esse a cargo dos articulistas que assinam seus artigos. Ao longo dos
anos, assistimos ao fenecimento de revistas e jornais que fizeram a perigosa
opção de se atrelarem a um partido ou tendência política. Constato, com
tristeza, que “Veja” enveredou por esse movediço caminho e a edição do último
final de semana (25/9) confirma tal assertiva. A matéria de capa – e a própria
capa – transformaram, definitivamente, “Veja” em revista de oposição.
Tendenciosa e pouco verdadeira a matéria. O voto do Ministro Celso de Mello –
fiel a sua história legalista – foi uma “aula magna” de Direito e da indispensável
soberania de nossa Corte Suprema, soberania sem a qual aquele Tribunal perde
sua razão de ser. Por outro lado, a admissibilidade dos embargos infringentes –
ao contrário do que sustenta “Veja” – não assegura impunidade aos
“mensaleiros”. Servirá, no máximo, para novas adequações de pena, fixadas, com
discutível tecnicidade, quando o Supremo, tendo como relator o histriônico
Ministro Joaquim Barbosa, deixou-se conduzir pela mídia, sedenta de sangue.
Aliás, o quadro de fls. 58/59, daquela edição, confirma que nenhum réu restará
impune e suas penas serão fixadas, levando em conta sua maior ou menor
participação na trama criminosa.
Como leitor, que acompanho “Veja” desde sua fundação, ao
final dos anos 60, lamento profundamente ter ela se transformado no órgão
oficial do PSDB, o que apequena sua história e os ideais, que levaram a sua
fundação. Da mesma forma que, de larga data, deixei de ler semanários, marcados
pelo sectarismo, deixo de ler, a partir de agora, “Veja”, o que, em nada atinge
essa revista e que apenas traz prejuízo para mim, em um País tão carente de
semanários de bom nível. Assim, sem sorrisos e lágrimas, despeço-me dessa
revista, esperando que uma luz de bom senso a traga para o caminho da
neutralidade, que sempre foi sua marca registrada.
Observação: como sei que essa carta não será publicada, vez
que somente são aceitas as correspondências “a favor”, estou a inserindo, em
meu blog.
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