Não sou versado em interpretação de sonhos, se é que possam
eles ser interpretados, como querem os psicólogos. Tenho um amigo, que se
distanciou, (até porque sou péssimo em manter amizade) que, certa feita,
contou-me sintomático caso, a comprovar que os sonhos nada significam: durante
noites seguidas sonhou com seis números, gravados em uma parede. Na manhã,
posterior à última noite, em que tivera o mesmo sonho, mal estacionou seu
carro, ao lado do fórum, foi abordado por um vendedor de bilhetes de loteria e
afins, que lhe ofereceu uma mega sena, contendo exatamente os 06 números
sonhados. O sorteio –vários milhões
acumulados – ocorreria na mesma noite e, cabeça a mil, passou o dia projetando
como gastaria a grana, tal a certeza de que ganharia. Para sua decepção, não
acertou um único número. Tenho alguns sonhos recorrentes, aos quais não atribuo
qualquer valor, mas, na última madrugada, tive verdadeira revelação: já expus,
aqui, meu desassossego quanto ao final de meu livro, entre matar ou manter viva
a “mocinha”. Tinha decidido matá-la,
a ela e aos pais, por coerência à história. Salvá-la seria dar prevalência ao
romantismo, o que é utópico, mas sempre lava a alma. Escrevi os dois finais,
para me decidir com o texto pronto. Eis que, na última madrugada, “vivi” um terceiro final, praticamente
simbiose dos dois pensados. Achei ótimo e, no final de semana, ponho a mão na massa.
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