sexta-feira, 5 de abril de 2013


RETIRAR VEÍCULOS DAS RUAS: SOLUÇÃO OU PROBLEMA NOVO?

Os noticiários trazem duas informações, no mínimo, paradoxais: a primeira, de natureza econômica, dá conta de que a indústria automobilística, graças às facilidades de financiamento, permitidas pelo Governo, experimentou expressivo crescimento de 20%, nas vendas de veículos, em relação ao ano passado. A segunda, exibe o Secretário de Transportes da Capital, explicando a imperiosa necessidade, já em fase de implantação, de proibir o acesso de veículos em determinadas ruas e avenidas da cidade (o que será, progressivamente estendido a outras), exatamente para aliviar o trânsito, em razão do excesso de veículo. A solução (que longe está de ser solução) pode parecer boa, à primeira vista, mas é quase catastrófica. Com quase certeza, São Paulo é, dentre as grandes Capitais do mundo, a dotada do pior sistema de transporte público. O próprio metrô, que experimentou expressivo desenvolvimento, nos últimos 10 anos, já se encontra sem condições de atender à crescente demanda. A não ser nos chamados “horários vazios”, os vagões estão com sua lotação acima da capacidade. Quanto aos ônibus, além de sucateados, nem mesmo os corredores deram-lhes mobilidade suficiente e, nos dias atuais, são fator preponderante dos colossais congestionamentos que, diariamente, nos atormenta, com prejuízo material a todos. Falar do crescimento desordenado da cidade, o que não tem mais volta, é fazer a apologia do óbvio. Diante deste quadro, retirar os carros das ruas e avenidas é solução? E, como ficarão as pessoas, que, com transporte público insufiente, precária até, precisam chegar a tais ruas e avenidas, por que lá estão seus locais de trabalho? Ora, se a nova administração pública municipal só ascendeu ao Poder há menos de 120 dias, parece, pelo menos açodada, esta interdição, em fase de implantação, pela falta de um estudo mais profundo. Para os mais velhos, relembro solução idêntica, adotada, se não me engano, no começo dos anos 70, pelo Coronel Fontenelle que, por igual improvisação, trouxe resultados tão danosos que, rapidamente foi revertida por repulsa da população. Já imaginaram se um desses “gênios de gabinete” resolvesse que a solução, para melhorar o trânsito, seria proibir a fabricação de automóveis?

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