RETIRAR VEÍCULOS DAS RUAS: SOLUÇÃO OU PROBLEMA NOVO?
Os noticiários trazem duas
informações, no mínimo, paradoxais: a primeira, de natureza econômica, dá conta
de que a indústria automobilística, graças às facilidades de financiamento, permitidas
pelo Governo, experimentou expressivo crescimento de 20%, nas vendas de
veículos, em relação ao ano passado. A segunda, exibe o Secretário de
Transportes da Capital, explicando a imperiosa necessidade, já em fase de
implantação, de proibir o acesso de veículos em determinadas ruas e avenidas da
cidade (o que será, progressivamente estendido a outras), exatamente para
aliviar o trânsito, em razão do excesso de veículo. A solução (que longe está
de ser solução) pode parecer boa, à primeira vista, mas é quase catastrófica. Com
quase certeza, São Paulo é, dentre as grandes Capitais do mundo, a dotada do
pior sistema de transporte público. O próprio metrô, que experimentou
expressivo desenvolvimento, nos últimos 10 anos, já se encontra sem condições
de atender à crescente demanda. A não ser nos chamados “horários vazios”, os
vagões estão com sua lotação acima da capacidade. Quanto aos ônibus, além de
sucateados, nem mesmo os corredores deram-lhes mobilidade suficiente e, nos
dias atuais, são fator preponderante dos colossais congestionamentos que, diariamente,
nos atormenta, com prejuízo material a todos. Falar do crescimento desordenado
da cidade, o que não tem mais volta, é fazer a apologia do óbvio. Diante deste
quadro, retirar os carros das ruas e avenidas é solução? E, como ficarão as
pessoas, que, com transporte público insufiente, precária até, precisam chegar
a tais ruas e avenidas, por que lá estão seus locais de trabalho? Ora, se a
nova administração pública municipal só ascendeu ao Poder há menos de 120 dias,
parece, pelo menos açodada, esta interdição, em fase de implantação, pela falta
de um estudo mais profundo. Para os mais velhos, relembro solução idêntica, adotada,
se não me engano, no começo dos anos 70, pelo Coronel Fontenelle que, por igual
improvisação, trouxe resultados tão danosos que, rapidamente foi revertida por
repulsa da população. Já imaginaram se um desses “gênios de gabinete” resolvesse
que a solução, para melhorar o trânsito, seria proibir a fabricação de
automóveis?
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