quarta-feira, 17 de abril de 2013


COMO RESOLVER O PROBLEMA DA VIOLENCIA NO RIO DE JANEIRO
As últimas notícias, sobre a violência contra turistas, no Rio de Janeiro, deixam-me desolado. Primeiro, pela violência em si; segundo, porque tenho quase veneração por aquela cidade onde, seguramente, passei os melhores momentos da minha vida. São tantas as causas dessa violência, que não vou ficar a dissertar sobre elas. Mas o assunto me leva a particular reflexão: talvez a causa das causas seja o nome da cidade. Nada contra os rios, cuja importância reconheço, apesar do trauma, egresso de meu passado ginasiano, quando a professora de Geografia nos obrigava a decorar os nomes dos afluentes do Rio Madeira, de ambas as margens. Nomes, via de regra, indígenas e que o tempo apagou de minha memória... Fernando Pessoa falava do “rio de minha aldeia”, mais importante que o Tejo, apesar “deste se ir para o mundo”. E eu mesmo fico a pensar quão menor teria sido minha infância, sem o encontro dos dois pequenos rios, que cortavam minha cidade, formando uma piscina natural, onde todos tomávamos banho, apesar das águas barrentas. São Paulo tem dois rios principais, mas são rios escuros e fétidos, que parecem não correr, porisso são desprezíveis e desprezados pelos que aqui moram. Mas onde está o Rio do Rio de Janeiro? Será que toda esta violência, que maltrata e rebaixa a cidade, não decorre desta contradição? “Onde fica o rio do Rio de Janeiro?” pergunta, ameaçador, o assaltante. O assaltado, assustado e ignorantemente calado, calado fica e leva um balaço, pela sua ignorância. Se a cidade se chamasse “Mar de Janeiro”, tudo estaria resolvido: era só apontar para o verde-azul, à frente ou atrás, e o assaltante jogaria sua arma fora, pediria desculpas e chamaria o assaltado para percorrer o calçadão, olhando as coxas douradas pelo sol, enquanto ambos tomavam uma cerveja gelada. Para resumir: muda-se o nome da cidade e, com certeza, acaba a violência.

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