quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Prefeito movimenta bolsa de mercadorias

Chega-me, pelo jornal, a noticia de que nosso alcaide, Haddad, esta manipulando a bolsa do “crack”. Pois não é que o iluminado prefeito resolveu liberar uma verba para que os viciados “higienizassem” o território batizado como cracolandia? Até o cachorro, que cochila a meu lado, sabe que dinheiro – muito ou pouco – não constitui forma para afastar alguém do vício. O resultado dessa desastrosa campanha, foi que, segundo o mesmo jornal, a pedra de crack subiu de 10 para 20 reais, obedecendo à irremovível lei da oferta e da procura. Quem se beneficiou com a medida “social” de nosso prefeito? Ninguém, ou melhor, os corretores do produto que já elegeram Haddad a “personalidade do ano”. É lastimável que a cidade mais importante da América Latina tenha um prefeito tão desastrado. Merecia ser dirigente em Buenos Aires. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Uma viagem no tempo.
Seja porque a idade tenha me transformado em ermitão, seja porque o exercício do lazer constitui, em nossa Capital, iminente risco à segurança física, o certo é que tenho gasto, cada vez mais, meu tempo livre com a leitura. E nessa passei a desenvolver o hábito de, simultaneamente, ler dois livros: um, atual e outro, de tempos idos e vividos, que garimpo em minha modesta biblioteca. Assim é que, ontem, procurando no setor de “política”, achei o “Juscelino e Jango – PSD – PTB”, de autoria de Abelardo Jurema, político paraibano que, dentre tantos cargos, foi líder do Presidente Juscelino e Ministro da Justiça de João Goulart. Viajei, no tempo e no sentimento, razão pela qual vou falar, não do livro, mas de ambos, tempo e sentimento:
O tempo primeiro: Corria o ano de 1963, eu, lacerdista até o último fio do cabelo, abominava, até de modo irracional, Jango e todos os que estivessem a sua volta. Daí fico sabendo que o Ministro Abelardo Jurema viria a São Paulo, para participar de um programa de televisão, chamado “Pinga Fogo”, de cunho eminentemente político, levado ao ar pela extinta TV Tupi. Reuni-me com outros radicais, como eu e, munidos de ovos e tomates, dirigimo-nos para as portas da emissora, com o objetivo de impedir que Abelardo Jurema participasse do programa. Não me lembro se alcançamos êxito em nosso intento, apenas registro o fato.
O tempo segundo: Lá por volta do final de 1971, trabalhando no Ministério da Fazenda, que insistia em se manter no Rio, sou informado que viria trabalhar, na mesma unidade minha, Osvaldo Jurema, filho do nominado Abelardo. Exasperei-me: “mas como, filho daquele comunista? Vou pedir para me mudar de setor.” Não mudei, conheci Osvaldo e não se passaram senão alguns minutos para nos tornarmos amigos eternos, amizade que se estendeu a nossas famílias e que dura até hoje... para honra e orgulho meus.

Terceiro tempo: Em 1977, Abelardo Jurema retorna do exílio e eu vou conhecê-lo. O “comunista”, que eu queria alvejar, constato ser um homem doce e generoso que, com incompreensível alegria, fala-me de seu exílio, no Peru, onde, para sobreviver, chegou a vender charuto em estádio de futebol. Nenhum rancor, nenhuma melancolia, a elogiar, para meu espanto, Geisel e Delfim. Apaixonei-me pela sua fala fácil, pela sua cordialidade e passei a “perseguir sua companhia”, dele bebendo cada frase... e alguns uísques. Contei-lhe, quase em terapia, minha agressividade do passado e ele apenas riu. Em 1979 ele lançou o livro, que agora releio e onde ele apôs dedicatória que começa por dizer “a meu amigo...”. Guardo quase como condecoração uma fotografia, tirada na “noite de autógrafo” deste livro”. Estou eu de pé, ele, sentado, escrevendo a dedicatória, tendo ao lado seu filho e meu amigo – irmão Osvaldo. Bateu saudade daquele homem, conciliador, que desconhecia o significado da palavra “rancor”. Meu querido Dr.  Abelardo: ao dar minha última teclada, renovo o uísque bebido, ergo um brinde em sua homenagem e peço desculpas pelo gesto insano de minha fugidia juventude. Quanto ao livro, é leitura imperdível para quem quiser mergulhar nos bastidores da mais agitada fase da história de nosso País.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Surge novidade no ramo da “insegurança pública”: arrastões praticados por jovens que, previamente ajustados através das redes sociais, invadem shopping centers, praticando pequenos furtos e gerando pânico entre lojistas e freqüentadores. A mídia batizou de “rolezinhos” tais incursões, vendo nelas simples e inconseqüente forma de lazer, realizado, via de regra, por adolescentes, alijados do consumo, do qual tais estabelecimentos comerciais representam verdadeiro “templo”. Trata-se, sem dúvida, de perigosa e equivocada visão de problema, da mais alta gravidade e que sairá do controle das autoridades policiais, enquanto não for enfrentado como crime, com as sanções previstas em lei. Em primeiro lugar, tais jovens, na faixa dos 16 anos, não são tão jovens assim, já que possuem discernimento para engendrarem seus planos, através das redes sociais, marcando dia, hora, local e modo para executarem tais ações. O Brasil, preso a um Código Penal, envelhecido em mais de 70 anos e superado pelo desenvolvimento tecnológico, teima em não reduzir a maioridade penal, na contra mão dos países desenvolvidos e até alguns nem tanto. Tal visão obtusa, além de estimular a criminalidade produz excrescências jurídicas como se poder exercer o direito do voto, aos 16 anos, mas restar impune pela prática de crime eleitoral. Em segundo lugar, já resta adormecida no baú do tempo a tese de que o crime decorre de injustiças sociais. O crime, qualquer que seja a idade de seus autores, constitui agressão ao meio social e a pena, em qualquer lugar do mundo, longe de ter conteúdo pedagógico, como essa bobagem de reintegrar o preso na sociedade, é castigo mesmo. Foi exatamente pensando assim que Nova York, que já foi uma das cidades mais violentas do mundo, instituiu o programa “tolerância zero” e hoje apresenta índices de criminalidade equivalente ao dos países nórdicos.  Ou todos firmemos a convicção que tal tipo de ação delituosa tem que ser tolhida, com todo o rigor, ou nos preparemos para vivermos novos tempos em que nem mesmo poderemos ir a um shopping center.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Haddad ataca outra vez

O Prefeito Haddad e sua equipe de “perdidos no espaço” lançam mais um “foguete”, tentando resolver o problema, decorrente do caótico transito de nossa Capital, tornado mais caótico com a implantação, sem critério técnico, dos corredores de ônibus. Não é que ruas, com apenas duas faixas de rolamento, e onde só passam ônibus em longos intervalos, tiveram uma delas transformada em corredor, provocando intermináveis congestionamentos? Dou, como exemplo, a Avenida Moreira Guimarães, que corre paralela à 23 de Maio e é a única via de acesso para quem, vindo da região do Aeroporto de Congonhas, demanda a Avenida Senna Madureira. Enquanto isso, movidos por privilégios desconhecidos (será?), a coleta de lixo e a carga e descarga de mercadoria continuam sendo feitas em horário comercial e se permitindo o estacionamento de veículos, de modo impróprio, nos dois lados de importantes ruas vicinais. Para concluir: os proprietários de veículos, inclusive táxi, foram transformados nos grandes vilões do transito de nossa cidade. Lembremos disto, quando das eleições de novembro.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Pela memória dos mortos

O Presidente JK morreu, em acidente de carro, no longínquo ano de 1976, quando já não possuía qualquer relevância política. Peritos, de incontestável reputação, atestaram o acidente. A viúva aceitou a morte como acidental. A esposa do motorista de JK, também morto no mesmo acidente, não questionou o fato. Agora, passados quase 40 anos, uma comissão da Câmara de Vereadores de São Paulo, tendo à frente um tal Natalino, cuja qualificação profissional passa distante de qualquer faculdade de medicina, pretende contestar o laudo necroscópico, afirmando que JK teria sido assassinado. É muita vontade de aparecer. E, note-se, é esta mesma Câmara Municipal que, sem consultar a população paulistana, em conluio com o Prefeito Haddad, quis nos impingir um reajuste de 30% no IPTU. Deixemos o Presidente JK, pelos seus méritos, repousar em paz e que esses Vereadores falastrões voltem seus olhos para os inúmeros problemas que vão tornando insuportável viver em nossa metrópole.   

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Um fantasma que não causa medo
O governo Dilma, num gesto inútil e divorciado da história, devolveu o “título” de Presidente da República ao falecido João Goulart. Para quem não viveu aqueles dias, ou leu os fatos em livros desfocados da verdade objetiva, Jango colheu os frutos de sua péssima visão política: imaginou ter o apoio popular e militar, para implantar um regime, “a la Perón”, isto é, um estado sindicalista forte. Na hora “h”, como não tinha o apoio nem mesmo dos sindicatos, que sustentava com o dinheiro do contribuinte e muito menos das Forças Armadas, fugiu para o Uruguai, depois de rápida escala em Porto Alegre. Jango foi cria de Getúlio, mas não aprendeu com ele as artimanhas do poder, que exerceu, sem garra, dando preferência às noitadas, regadas a bom uísque, nas casas noturnas da moda. Seu legado político foi nenhum e seu nome somente ficou gravado porque, pelos seus destemperos, nos idos de março de 64, provocaram o contra golpe de 31 do mesmo mês e ano. Afinal, como vivemos tempos medíocres, é normal que se relembre homens medíocres.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O Supremo e a usurpação de Poderes
Um dos mais importantes princípios esculpidos em nossa Constituição, diz respeito à independência dos Poderes: o Executivo administra o País; o Legislativo elabora as leis e o Judiciário interpreta e faz cumprir as leis. Verifica-se, todavia, que, com muita freqüência, esse principio não é respeitado, o que enfraquece a democracia. E o mais lamentável é se constatar que o Supremo Tribunal Federal, que deveria ser “o guardião da Constituição” é quem mais viola aquele principio, usurpando atribuições inerentes ao Poder Legislativo. Para não nos perdemos em exemplos pretéritos, fixemo-nos em um, concernente às doações para as campanhas políticas. A legislação eleitoral em vigor não proíbe que empresas privadas façam tais doações. Ora, se se quer estabelecer tal vedação, cabe ao Congresso Nacional promover reforma na legislação eleitoral, introduzindo aquele impedimento. O que não se pode admitir é que o Supremo “legisle” sobre a matéria e o Congresso, inerte, assista a tal usurpação. Alega um dos Ministros da Corte Suprema que se é preciso “ouvir a voz das ruas”. Na verdade, quem precisa “ouvir a voz das ruas” são os representantes do povo, por eles eleitos. Os Ministros do Supremo devem “ouvir a voz das leis”, porque essa é sua obrigação constitucional.