sexta-feira, 16 de agosto de 2013

“Enterrar ou Cremar”, eis a questão.

Hoje é um dia especial para mim: aniversário de minha mãe, já falecida. Logo mais vou visitá-la em sua campa. Converso com ela, desculpo-me por não lhe ter dedicado o carinho e a atenção, que ela merecia, rezo por ela, mesmo sabendo ser eu quem precisa das preces dela. Mas, o que quero trazer à reflexão é uma certeza, que vai se tornando dúvida. Sempre me opus à idéia da cremação, porque os mortos queridos, a meu sentir, precisam ter um local físico para serem reverenciados e, como reverenciar alguém cujo corpo foi transformado em cinzas e essas jogadas ao vento? Tudo bem, até posso concordar com a afirmação de que, com a morte, o corpo é apenas matéria inerte e que a pessoa, que nele habitou, resta apenas em nossa memória. Por outro lado, a existência de incontáveis cemitérios, dos grandiosos, como o do “Araçá”, aos pequeninos, que contemplamos nas cidades de beira de estrada, está a nos demonstrar que ainda não nos despregamos do milenar hábito de visitar nossos mortos em suas “moradas”. Eu, que já vou me transformando em ser milenar, cultivo esse hábito. Todavia, por outro lado, nas minhas caminhadas pelo cemitério (preciso me acostumar com a paisagem!), percebo, com imensa tristeza, túmulos, cujas sujeiras acumuladas, atestam o esquecimento das pessoas que lá estão. Como na minha família sou o único a cultivar esse ancestral hábito de visitar os mortos, fico a me perguntar se também não restarei abandonado, sem uma visita ou oração. Daí a dúvida, que contaminou minha certeza, se não será melhor ser cremado e ter as cinzas espalhadas pelo vento. Afinal, “do pó viemos e ao pó voltaremos

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