UM DOMINGO INESQUECÍVEL
Nós,
habitantes desta querida cidade, já estamos acostumados a conviver, cotidianamente,
com congestionamentos quilométricos, a nos roubarem horas do lazer ou do
trabalho. É o preço que pagamos por viver na mais desenvolvida metrópole da
América Latina. É claro que a incompetência dos administradores públicos contribui
para o caos, permitindo, por exemplo, que a coleta do lixo e a carga e descarga
de mercadoria sejam efetuadas do decorrer do dia e que a ânsia de arrecadar
tenha transformado em “zona azul” estreitas ruas, reduzindo, ainda mais, o
leito carroçável. A tudo isso já nos acostumamos, pacientes que somos e até
procuramos tirar vantagens do que, para os “estrangeiros”, causa perplexidade. Tenho
um amigo que aproveitou seus prolongados e constantes congestionamentos e
aprendeu inglês, francês, alemão, russo e já vai adiantado no japonês, que
espera dominar, a tempo de ir prestigiar seu Corintians. Considerando que ainda
temos um mês antes da final do mundial de clubes e, até lá, ficará ele, retido,
pelo menos, umas quinze vezes no trânsito, não tenho dúvida de que ele chegará
a Tóquio, falando japonês, sem qualquer sotaque. Talvez tenha sido pensando
nesse meu amigo e em outros corintianos, em situação semelhante, que nosso
prefeito “bolou” uma ideia para provocar congestionamento, também aos domingos?
Não é que nosso alcaide resolveu criar uma ciclofaixa, que começa na República
do Líbano, percorre a avenida Indianópolis, invade a avenida Jabaquara e se estende
por toda Vergueiro, suprimindo uma pista de veículo, daí resultando um
colossal estacionamento de carros, enquanto tranquilos ciclistas passeavam, malgrado
o buzinaço e o grito aflito das ambulâncias que procuravam, inutilmente, espaço
para chegarem a seus destinos? Demorei, eu e outras centenas de motoristas, mais
de uma hora para percorrer uma distância de menos de cinco quilômetros. É claro
que nada tenho contra ciclistas, mas por que, ao invés de respirar o ar poluído
das citadas avenidas, não vão dar eles suas elegantes pedaladas nos inúmeros
parques da Capital, ou no Sambódromo, ou no Autódromo, ou no campus da USP? Interessante
que, à noite, entrevistado em um programa de televisão, nosso Prefeito retirante,
manifesta inconformismo pelo seu elevado índice de rejeição. Por que será?
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