Dezenas de analistas, com maior, menor ou nenhuma
qualificação, avaliaram, de diferentes ângulos, as manifestações populares, que
se espalharam pelo Brasil, no mês de junho ultimo. De um modo geral,
entenderam-na como “combustão espontânea”
contra a corrupção, os maus serviços públicos etc, etc. Eu, que não sou
analista de coisa alguma (se bem que nos idos tempos de estudante navegava, sem
temor, pelos intrincados mares da “analise
sintática”), espero os ânimos serenarem, assisto à patética reação de governo
e congresso e faço minha reflexão sobre o tema, sem a preocupação que a
considerem tresloucada.
Acho que ninguém discorda que a “classe operaria chegou ao Paraíso”, ou o PT chegou ao Poder com o
indispensável apoio da classe media, exaurida por ver o interesse público
(educação, saúde, transporte, etc,etc) ser vilipendiado, enquanto interesses
políticos, via de regra, espúrios, ocupavam a prioridade dos governantes. Foi
nesse instante, que a classe média, acreditando na “boa-nova” da esquerda, Lula à frente, instalou-a no poder. Novos
tempos viriam: quase nenhuma corrupção, melhor ensino, melhor assistência
médica, melhores transportes, etc, etc. Seria o sonho, transformado em
realidade.
Passados pouco mais de 10 anos, a classe media acordou e viu
que o sonho se transformara em pesadelo e nada mudara, ou melhor, mudara, mas
para pior: as cabeças “estrelares”
foram condenadas, no epicentro do “mensalão”,
os projetos sociais foram substituídos pelo “projeto FIFA”, a economia vai ladeira abaixo e a velha inflação,
adormecida desde os tempos de FHC, volta a incomodar, principalmente o bolso da
mesma classe media. E essa, despertada do sonho, veio às ruas, em um “mea culpa” inconsciente.
Quando gritavam “abaixo
o governo”, em verdade, queriam dizer “abaixo
nós mesmos” que colocamos este pessoal no comando do País. Abaixo nós
mesmos, tontos que fomos, por acreditarmos que, ao chegar ao poder, a “estrela” ia brilhar, iluminando o povo.
A classe media voltou para casa, triste, amargurada,
aguardando o perdão dos que nunca sonharam, porque sabem que um País só dá
certo, nas mãos dos mais capazes que, com certeza, não estão em Cuba, na Venezuela
e, muito menos em Brasília.
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