“OS ABANDONADOS NA BOLIVIA – REVISTA ISTO É”
À guisa de esclarecimento, devo
dizer que não sou Corintiano, embora tenha filho e amigos que o sejam. Desde
minha mais tenra idade, sou torcedor do Botafogo, única paixão, acima de todas.
Mas, mesmo assim, não pude deixar de me comover, até por visgo profissional, com
o drama por que passam os torcedores do alvinegro paulista, presos e submetidos
a condições subumanas, inclusive tortura física, nos porões de uma medieval
prisão boliviana. Além do aspecto humano, há de se considerar o aspecto
jurídico da questão. Por mais atrasado que seja aquele País, é inimaginável a
existência de uma legislação que permita manter presas pessoas por tão largo
espaço de tempo, quando não só não restou provada a culpa da prática do ato, que
resultou na morte do garoto boliviano, mas também pela prova produzida no
Brasil, quando ficou definida a responsabilidade do autor do disparo. O que
mais deve ser objeto de reflexão para todos nós é o total desprezo com que
o Governo Brasileiro vem tratando a questão, abandonando à sua própria sorte os
presos. Tal inação deve ser objeto de preocupação para todos nós que, eventualmente,
viajamos para fora do País. É de se perguntar: quem nos assistirá se nos
depararmos com qualquer dificuldade no exterior? Afinal, para que servem as
representações diplomáticas fora do Brasil? Tenho a convicção que estivesse
alguém, membro da “elite”, envolvido em tão desagradável episódio (o filho de
um ex-Presidente, por exemplo), toda a diplomacia brasileira já teria se movimentado
para resolver o assunto. De se lamentar a leniência do próprio clube, que se
jacta de ter a maior e mais empolgante torcida do País, usando-a, inclusive, em
seu próprio benefício quando convém, mas que abandona seus aficcionados em
momento de tão grande infortúnio. Espero que a matéria publicada neste último
fim de semana pela Revista “ISTO É” promova a devida mobilização, não só dá
diplomacia brasileira, mas também do próprio Corinthians.
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