Recompondo a História
Hoje, 13, faz 50 anos que João Goulart promoveu o famoso “comício”, realizado defronte ao prédio
que, no Rio, abrigava o então Ministério da Guerra. Naquele evento, foram
assinados decretos, desapropriando terras e refinarias pertencentes a grupos
privados. Na mesma ocasião, foi lançado o nome de Brizola para a eleição que se
realizaria no ano seguinte. Slogans como “cunhado
não é parente! Brizola prá presidente”; “Brizola-65 na lei ou na marra”, estavam estampados em faixas, na
praça do comício, que foi considerado o golpe fatal em Jango. Mas o que importa
ser destacado, até para repor a verdade em seu lugar, é o papel da Imprensa,
naquele episódio. Com absoluta maioria, toda a mídia da época posicionou-se
contra Jango, instigando o movimento, que o apearia do poder, alguns dias
depois. Transcrevamos algumas manchetes daquela data: “Comunistas têm apoio de João Goulart para assumir o poder na CNTI”
(Diário de Notícias); “Conspiração em
marcha contra a democracia” (A Noite); “Oposição
denuncia um plano de golpe contra a democracia” (O Diário Carioca); “Sobral Pinto acusa Goulart de querer
instalar no País um segundo “Estado Novo”” (O Estado de São Paulo); “Preços sobem nas feiras até 40 por cento em
uma quinzena” (Correio da Manhã); “Articula-se
a legalização do Partido Comunista” (O Globo); “Arcebispo diz que até as Encíclicas são utilizadas pela subversão
comunista” (O Globo); “1- Jango (para
a reeleição); 2- Arrais (para as urnas); 3- Brizola (para as armas)”
(Manchete); “Reformas à bala” (O
Estado de São Paulo); “Até quando?”
(Folha de São Paulo).
Todas as manchetes, acima transcritas, foram extraídas do
livro “Revolução de 64” (editora “Rio” – coleção Memória do Brasil),
resultante de pesquisa realizada pelas “Faculdades
Integradas Estácio de Sá”. São 250 páginas reproduzindo jornais e revistas
de época de Jango, a, demonstrarem que a Imprensa, tal qual a Igreja Católica,
estimularam o movimento militar de 31 de março de 1964. Não adianta, passados
50 anos, virem querer apagar a história, na pretensão de terem ficado a favor
da (falsa) democracia. Quem viveu aqueles dias – somos poucos, é verdade – é
testemunha ocular dos fatos vividos.
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