sexta-feira, 28 de março de 2014

São Paulo, 28 de março de 2014.

Exmo Sr General de Exército Renato Cesar Tibau da Costa
M.D. Presidente do Clube Militar
Senhor General,
Divulga a imprensa noticia de que a Presidente Dilma proibiu qualquer manifestação, dentro das Unidades Militares, alusiva aos fatos ocorridos em 31 de Março de 1964. Os motivos de tal proibição posso intuir, sem muito esforço. Todavia, tenho a absoluta convicção de que as luzes desta augusta Casa resplandecerão, na próxima segunda feira, relembrando o mais importante acontecimento cívico, vivido pelo Brasil, desde a proclamação de sua independência. Ensina-nos Montesquieu, na obra, tão citada, mas tão pouco lida, ou talvez muito lida, porém, certamente, pouco entendida, qual seja “O Espírito das Leis”, que a democracia deve se prevenir contra dois perigos extremos: a falta de liberdade, que conduz à tirania e o excesso de liberdade, que conduz à anarquia. Pois foi este o espírito que cobriu os céus do Brasil, no venturoso 31 de Março de 1964. Temos, hoje, nossos cabelos encanecidos e nossas peles enrugadas pelo tempo, este minuano que sopra implacável, todavia guardamos em nossa memória, como fotografia que não se esmaece, a euforia que tomou conta da população, quando se anunciou a vitória e ela saiu às ruas, cantando o hino pátrio, lançando papéis picados do alto dos edifícios. Era um só coração, exultante de alegria, porque se inaugurava um novo tempo, tempo de ordem e progresso, aliás, lema esculpido na bandeira nacional. Quem duvidar, basta consultar os jornais da época. Quem mais democrata do que o saudoso Marechal Castelo Branco, herói de guerra, carrasco empedernido do nazi-fascismo, que tanto agradava ao ditador Getúlio Vargas? Pois Castelo, em nome da liberdade que ajudou a recuperar nos Apeninos, fez questão de ter seu nome ratificado pelo Congresso Nacional, que manteve aberto e livre. 31 de Março não foi um golpe militar, como o alcunham seus detratores. Ao contrário, emanou da vontade popular, da vontade de cidadãos que, a centenas de milhares, saíram às ruas, pedindo, mais, exigindo que se desse “um basta” à incúria administrativa que, até então, se instalara no País. Ouso dizer que os militares, na qualidade de guardiães da Constituição, que vinha sendo vilipendiada, dia após dia, não saíram, mas foram saídos de suas Unidades pela voz deste mesmo povo que, dos mais distantes rincões, de todas as grandes metrópoles, gritava “basta”, queremos a ordem e o progresso, queremos a liberdade, a mesma conquistada pelos heróis sepultados em “Pistóia”. 31 de Março não teve dono, teve lideres que, com dignidade, souberam exercer essa liderança. 31 de Março não serviu a interesses políticos pessoais e aqueles que imaginaram que assim deveria ser, foram deixados de lado, por mais valorosos que tenham sido. E é preciso que se coloque a verdade histórica em seu lugar: quando se precisou usar a força – e lamentamos que tal tenha sido necessário – foi como resposta aos que assaltavam bancos, matavam inocentes e que disseminavam o ódio e espalhavam a intransigência no seio da população ordeira. Alguns desses agitadores, hoje, estão presos, não por motivos ideológicos, mas porque assaltaram a coisa pública, o patrimônio público, o dinheiro público. Esses eram os homens que queriam tomar o Poder e, não por culpa do ideário de 31 de Março, a ele chegaram, promovendo os mais vergonhosos escândalos que a República conheceu. Nossos Presidentes Militares saíram da vida pública, com a mesma condição espartana que entraram, deixando um legado de realizações que as gerações de hoje podem contemplar e usufruir: pontes, estradas, hidrelétricas, metrôs, universidades, empresas públicas consistentes que, posteriormente, seriam sucateadas ou vendidas a preço vil. Os detratores do 31 de Março abraçam e beijam Fidel Castro e Hugo Chávez e nos acusam de ter sacrificado a liberdade de alguns. Fico a pensar – como atroz pesadelo – se Marighela e Lamarca tivessem saído vencedores, o que teria sucedido ao Brasil. É exatamente o mesmo pesadelo do que imaginar o mundo, se Hitler tivesse subjugado Roosevelt, Churchill e De Gaulle. Finalmente, pergunto, com o poeta: “liberdade, liberdade, para que vos quero?” E respondo, com o espírito de quem, no alvorecer de sua juventude viu surgir o 31 de Março: vos quero para trazer progresso para meu povo; esperança para meu povo; para que todos possam envelhecer, como nós, aqui e agora, com a certeza de que combatemos o bom combate.

Com emoção, cumprimenta-o

quarta-feira, 26 de março de 2014

A Criméia devolvida

Muito se tem falado sobre a anexação da Criméia pela Rússia, como se tal fato resultasse de um ato de força do Presidente Putin. Dois relevantes aspectos devem ser levados em consideração: primeiro, a Criméia sempre foi território e nação russa, até o esfacelamento da União soviética, no final dos anos 80. Lá se situa importante e expressiva indústria bélica, necessária ao equilíbrio de forças entre a Rússia e os Estados Unidos; segundo, a anexação resulta de um plebiscito, em que 95% da população decidiram por ficar com a Rússia. Dizer que a votação se deu por “pressão militar” é, no mínimo, má-fé, já que centenas de jornalistas acompanharam o plebiscito e nenhum ato de coação ficou registrado. Até porque coagir 95% dos eleitores é missão impossível. A retaliação propagada, principalmente pelos Estados Unidos, é puro jogo de cena. A Europa depende do gás russo e Obama, cujo prestígio político está em queda livre, não vai querer acrescentar a seu currículo a reintrodução da guerra fria. Ter armas nucleares, ao contrário do que pensam os apressados e desconhecedores da História, é fator de equilíbrio de forças, único meio de se garantir a paz, porque, como já ensinavam os romanos, “si vis pacem, para bellum” (se queres a paz, prepara a guerra). Não foi por outro motivo que Estados Unidos e União Soviética rosnaram, por décadas, um para o outro, sem disparar um mísero tiro.

terça-feira, 25 de março de 2014

Pasadena passará e eles continuarão
Meu Deus, vai começar tudo de novo, a mesma conversa fiada de sempre, que a Presidente não sabia de nada, que foi traída, enfim, o mesmo “blá, blá, blá” da época do mensalão e que livrou a cara do Presidente Lula. É claro que contou com uma Imprensa colaboracionista e uma oposição leniente. Quer dizer que a Petrobrás paga quase 400 milhões de dólares por uma refinaria que, com boa vontade, vale 40 milhões e o responsável, o único, é o Diretor que fez o relatório, opinando pela compra? A Petrobrás tem um Conselho Deliberativo e até o cachorro, que ronca a meu lado, sabe que transação desse vulto passa, necessariamente, pela aprovação do Conselho. A Petrobrás tem uma Presidente, que assumiu na quota pessoal e é prestigiadíssima por Dª Dilma. É “prata da casa” e, comentário geral, é séria e competente. Também ela não tomou conhecimento de tão escabroso negócio?

Prenderam um ex diretor da Petrobrás, que vai ser o bode expiatório desta nova maracutaia petista. A Câmara vai tentar abrir uma CPI... que não será instalada, porque, para aplacar os mais exaltados, o Planalto vai liberar algumas emendas orçamentárias. E, Dilma, que não sabia de nada, vai ser reeleita, com muita justiça, porque, afinal, cada povo tem o governo que merece. 

segunda-feira, 24 de março de 2014

1964 outra vez
Daqui a poucos dias o movimento cívico-militar, desencadeado em 31 de março de 1964, completará 50 anos. A carcomida esquerda afirma e reafirma que não passou de uma “quartelada” e a Imprensa, que apoiou maciçamente o movimento, teima em chamá-lo de “golpe militar”, até porque seus principais integrantes pertencem àquela esquerda, que bebia uísque da varanda do “Antonio’s”, no Rio, ou jantava, à beira de um bom vinho, no “gigetto”, em São Paulo. Que o movimento foi cívico, a História não refuta. Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas, em todo o Brasil, pedindo a destituição de Jango. Ninguém suportava mais conviver com a carestia de gêneros alimentícios, com uma inflação, que batia nos 70% e com quebra da hierarquia militar. Pode-se dizer que “1964” foi movimento da classe média. Talvez tenha sido mesmo e assim o foi, a classe média impulsionando as insurreições, desde a Revolução Francesa de 1789. Mas o certo é que nem mesmo as organizações sindicais de trabalhadores saíram às ruas para defender Jango, que caiu de maduro, apoiado, apenas pelo histriônico Leonel Brizola. “1964” abriu novo marco na administração pública brasileira. Não mais apadrinhados políticos, despidos de qualquer qualificação profissional. Homens como Hélio Beltrão, Leitão de Abreu, Delfim Netto, Reis Veloso, Allison Paulinelli iriam tirar o Brasil do atraso e levá-lo em direção ao desenvolvimento. São Paulo iria congregar o maior parque industrial da América Latina; a taxa de emprego aproximar-nos-ia dos países do primeiro mundo e as empresas públicas (mais tarde, no governo Fernando Henrique, vendidas a preço vil) foram as principais impulsionadoras do progresso. Registre-se, apenas à guisa de exemplo, que, antes de “64” esperava-se quase um dia inteiro para se completar um simples interurbano. Menos de 10 anos depois, o Brasil já dispunha de um dos mais avançados sistemas de telecomunicações do mundo. Andava-se, com tranqüilidade, pelas ruas de Copacabana, como se trafegava, sem cuidados, pelos cruzamentos da paulicéia. Seqüestros, assaltos a banco, só viriam a ser conhecidos quando os subversivos, levados pela insanidade, tiveram a leviana pretensão de derrubar o regime. E é bom que se refresque a memória dos mal intencionados: os militares estavam no comando do poder, mas o exercício do governo estava nas mãos dos civis.

Olhamos, hoje, passados 50 anos, para Brasília e temos uma visão desalentadora: uma Presidente que, para obter um mínimo de governabilidade, tem que barganhar com o Poder Legislativo comprometido e objeto de escárnio da população. No Rio, os comandantes das UPP’s são assassinados pelos traficantes, que, de dentro dos presídios de segurança máxima, ordenam, impunemente, tais mortandades. Em São Paulo, vândalos destroem o patrimônio, público e privado, sob o complacente olhar da Polícia Militar, manietada pelo Governador do Estado. O programa “+ médicos”, menina dos olhos do Governo Federal, revelou-se verdadeiro esbulho à dignidade dos cubanos, a trabalharem em regime de escravidão, sujeitos, não à legislação brasileira, que renunciou a sua soberania, entregando aqueles profissionais à sanha do castrismo. O governo, que dá um ensino de péssima qualidade, uma assistência médica de péssima qualidade, já gastou 10 bilhões de reais – e muito mais gastará – para patrocinar um torneio de futebol que, como principal legado deixará estádios, em Capitais como Manaus, Fortaleza, Natal, Cuiabá, Brasília, onde não há público nem para cobrir os custos de manutenção desses mausoléus. O Brasil, instituído em 31 de março de 1964, era o Brasil grande em seu desenvolvimento real, no respeito a coisa pública, na defesa do cidadão. O Brasil de hoje é o lixo, acumulado na rua; os “zumbis”, fumando crack nas esquinas; o assaltante que, tranquilamente, aguarda sua vítima; os vândalos que, sem causa real, destroem ônibus e vitrines e saem, como se heróis fossem; os desafortunados que sucumbem, sem socorro, às portas dos hospitais. O Brasil de hoje é, enfim, o conjunto de desgoverno que fez que 31 de março de 1964 acontecesse. 

quinta-feira, 13 de março de 2014

Recompondo a História
Hoje, 13, faz 50 anos que João Goulart promoveu o famoso “comício”, realizado defronte ao prédio que, no Rio, abrigava o então Ministério da Guerra. Naquele evento, foram assinados decretos, desapropriando terras e refinarias pertencentes a grupos privados. Na mesma ocasião, foi lançado o nome de Brizola para a eleição que se realizaria no ano seguinte. Slogans como “cunhado não é parente! Brizola prá presidente”; “Brizola-65 na lei ou na marra”, estavam estampados em faixas, na praça do comício, que foi considerado o golpe fatal em Jango. Mas o que importa ser destacado, até para repor a verdade em seu lugar, é o papel da Imprensa, naquele episódio. Com absoluta maioria, toda a mídia da época posicionou-se contra Jango, instigando o movimento, que o apearia do poder, alguns dias depois. Transcrevamos algumas manchetes daquela data: “Comunistas têm apoio de João Goulart para assumir o poder na CNTI” (Diário de Notícias); “Conspiração em marcha contra a democracia” (A Noite); “Oposição denuncia um plano de golpe contra a democracia” (O Diário Carioca); “Sobral Pinto acusa Goulart de querer instalar no País um segundo “Estado Novo”” (O Estado de São Paulo); “Preços sobem nas feiras até 40 por cento em uma quinzena” (Correio da Manhã); “Articula-se a legalização do Partido Comunista” (O Globo); “Arcebispo diz que até as Encíclicas são utilizadas pela subversão comunista” (O Globo); “1- Jango (para a reeleição); 2- Arrais (para as urnas); 3- Brizola (para as armas)” (Manchete); “Reformas à bala” (O Estado de São Paulo); “Até quando?” (Folha de São Paulo).

Todas as manchetes, acima transcritas, foram extraídas do livro “Revolução de 64” (editora “Rio” – coleção Memória do Brasil), resultante de pesquisa realizada pelas “Faculdades Integradas Estácio de Sá”. São 250 páginas reproduzindo jornais e revistas de época de Jango, a, demonstrarem que a Imprensa, tal qual a Igreja Católica, estimularam o movimento militar de 31 de março de 1964. Não adianta, passados 50 anos, virem querer apagar a história, na pretensão de terem ficado a favor da (falsa) democracia. Quem viveu aqueles dias – somos poucos, é verdade – é testemunha ocular dos fatos vividos.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Escancarando de vez

Dias atrás, aqui mesmo, falei que a posição do Brasil, em relação à crise na Venezuela, não passava de “jogo de faz de conta”, vez que o Brasil do PT estava – sempre esteve – alinhado com as ditaduras (Cuba) e as semi ditaduras de esquerda, na América Latina (Bolívia e Argentina). A “mídia” nos dá conta de que, articulados pelo Brasil, os países – membros da OEA vetaram o envio de observadores daquela Organização à Venezuela. Em tímida nota “expressa solidariedade à Venezuela, pede que diálogos sejam mantidos e lamenta as mortes no país.” Solidariedade a quem, cara pálida? A Maduro, esse filhote mal acabado do chavismo, ou ao povo venezuelano que protesta contra a falta de gêneros alimentícios e à crescente inflação? Que diálogo, se Maduro cerceia a liberdade de imprensa e manda prender seus opositores? É de se lamentar que a Venezuela, com seu estoque de petróleo, tendo tudo para ser um grande País, tenha caído em mãos de tiranos, e tiranos incompetentes. Abriu mão de sua independência política e abraçou Cuba, com seu atraso e seu carcomido ranço esquerdista. Mas estamos em março, mês, desde Cesar, de mau agouro para os tiranos de plantão.