sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Uma triste despedida

A grande missão de um meio de comunicação é informar a seus leitores, pautando-se pela verdade dos fatos e emitindo o mínimo de juízo de valor, esse a cargo dos articulistas que assinam seus artigos. Ao longo dos anos, assistimos ao fenecimento de revistas e jornais que fizeram a perigosa opção de se atrelarem a um partido ou tendência política. Constato, com tristeza, que “Veja” enveredou por esse movediço caminho e a edição do último final de semana (25/9) confirma tal assertiva. A matéria de capa – e a própria capa – transformaram, definitivamente, “Veja” em revista de oposição. Tendenciosa e pouco verdadeira a matéria. O voto do Ministro Celso de Mello – fiel a sua história legalista – foi uma “aula magna” de Direito e da indispensável soberania de nossa Corte Suprema, soberania sem a qual aquele Tribunal perde sua razão de ser. Por outro lado, a admissibilidade dos embargos infringentes – ao contrário do que sustenta “Veja” – não assegura impunidade aos “mensaleiros”. Servirá, no máximo, para novas adequações de pena, fixadas, com discutível tecnicidade, quando o Supremo, tendo como relator o histriônico Ministro Joaquim Barbosa, deixou-se conduzir pela mídia, sedenta de sangue. Aliás, o quadro de fls. 58/59, daquela edição, confirma que nenhum réu restará impune e suas penas serão fixadas, levando em conta sua maior ou menor participação na trama criminosa.
Como leitor, que acompanho “Veja” desde sua fundação, ao final dos anos 60, lamento profundamente ter ela se transformado no órgão oficial do PSDB, o que apequena sua história e os ideais, que levaram a sua fundação. Da mesma forma que, de larga data, deixei de ler semanários, marcados pelo sectarismo, deixo de ler, a partir de agora, “Veja”, o que, em nada atinge essa revista e que apenas traz prejuízo para mim, em um País tão carente de semanários de bom nível. Assim, sem sorrisos e lágrimas, despeço-me dessa revista, esperando que uma luz de bom senso a traga para o caminho da neutralidade, que sempre foi sua marca registrada.


Observação: como sei que essa carta não será publicada, vez que somente são aceitas as correspondências “a favor”, estou a inserindo, em meu blog.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Evidentemente que às instas de alguma barganha – espúria, é claro – o Congresso manteve a multa adicional do FGTS, aqueles 10% que é retirado do empregador, mas que não vai para o empregado e sim para os cofres do governo, até porque, afinal, o paquiderme, com seus 39 ministros, com suas falcatruas, precisa ser alimentado. Pune-se o empregador, criando uma “contribuição adicional” e, depois, ainda reclamam da queda do índice de empregos, da informalidade, etc. Possuímos a mais pesada carga tributária do mundo e, em troca, recebemos serviços públicos de péssima qualidade, como esses médicos cubanos que foram poupados do “revalida”, até porque, se a ele se submetessem, com certeza, não seriam aprovados. O BNDES, fugindo a seu escopo, em lugar de financiar o desenvolvimento econômico  financia a construção de estádios de futebol, ressuscitando o antigo “pão e circo”, que sustentou o Império Romano, já combalido. Agora vem esta inútil e ridícula demonstração de “macheza”, com os Estados Unidos, como se Obama estivesse preocupado com a visita da Sra. Dilma. Mero “jogo para platéia”, expediente eleitoreiro de quem, por nada ter feito de relevante, nada tem a mostrar. 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Quem assistiu à sessão do Supremo Tribunal Federal, realizada ontem, 4ª feira, pode constatar como a vaidade pode levar ao ridículo. Pois não é que foram gastos cerca de cinco horas para colher o voto de quatro Ministros? O tema em debate era de franciscana simplicidade jurídica: cabiam ou não os embargos infringentes. Os dois lados antagônicos tinham seus argumentos, que podiam se esgotar, no máximo, em 15 minutos, para cada um dos “gladiadores”. Todavia, como os holofotes da mídia estavam acessos, houve uma inútil demonstração de sapiência, com leitura interminável de votos. Se era para ler, por que simplesmente não entregaram seus votos, limitando-se à leitura das ementas? Escrevo, quando a sessão desta quinta feira está prestes a se instalar e, quase com toda certeza, repetir-se-á o capitulo de ontem. Os “artistas” de hoje, a esta hora, 13:30 horas estão nos bastidores, arrumando suas indumentárias e fazendo gargarejo para melhor impostarem a voz. Afinal, o “show” não pode parar.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Obama: O Senhor da Guerra


Mesmo sem o apoio da esmagadora maioria do povo americano, mesmo sem o apoio majoritário do Congresso americano, mesmo sem o apoio intelectual, do G20, mesmo depois do pronunciamento do Papa Francisco, o presidente Obama parece determinado a bombardear a Síria. O argumento de que os civis sírios não serão atingidos e que soldados americanos não terão suas vidas expostas, não convence os mais ingênuos interessados no desastroso assunto. O que acontecerá se o suposto arsenal de armas químicas for destruído e seu nefasto produto se espalhar pela região? Qual a garantia de que o ataque americano não deflagrará um incontrolável incêndio bélico em todo Oriente Médio, cujos reflexos, principalmente econômicos, alastrar-se-ão por todo o mundo? Finalmente, qual a garantia que Obama dá a seus conterrâneos que ondas de atentados terroristas – novos “11 de setembro” – não vitimarão o País? Tudo leva a crer que a motivação do senhor Obama nada tem a ver com direitos humanos. Na verdade, relaciona-se ela – a motivação – com a indústria de armas bélicas, que nunca enfrentou crise financeira e sempre foi uma das principais fontes de financiamento de campanhas políticas.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Os Estados Unidos e a Síria

Age com muita prudência o presidente Barack Obama, em querer ouvir o Congresso Americano e, eventualmente, o próprio povo, antes de atacar a Síria. Quando Bush filho “cassou” Sadam Hussein, a imprensa mundial acusou-o de usurpador dos direitos iraquianos e que, na verdade, o petróleo era sua verdadeira meta. Depois do fracasso no Vietnã – que permanece armazenado no coração e mente dos americanos -, aquele povo vê, com inequívoca aversão, o País entrar em conflitos que não lhes diz respeito. A Síria está envolvida em uma terrível guerra civil e o Presidente Assad conta com o apoio de seus vizinhos, Turquia, Iraque, Líbano e, principalmente Irã, com sua, realidade atômica, além da Rússia, que duvida ter o governo sírio utilizado armas químicas. Assim, qualquer intervenção mais aguda, por parte dos Estados Unidos, no conflito interno sírio, pode ser o estopim de um grande incêndio, que irromperá no Oriente Médio e que se irradiará por todo o mundo. Pesquisas dão conta que quase 60% dos americanos são contra a intervenção norte americana. O espetáculo de jovens, desembarcando em caixões, enrolados na bandeira, causam horror. Além disso, Obama, a quem responsabilizam pela crise econômica, sabe que nova guerra, em um momento que o País começa a se recuperar, pode trazer a crise de volta, não só pelo “custo” da guerra, mas também pelo aumento do preço do petróleo e dos entraves nos negócios internacionais. Não se trata, apenas, de “jogar alguns mísseis sobre Bashar Assad” como disse um pernóstico e medíocre jornalista, ontem, 02, em programa de televisão. Trata-se, isto sim, de avaliar, com a maior precisão possível, se estilhaços desses mísseis não irão atingir outros países, inclusive os próprios Estados Unidos.