quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


E A FESTA CONTINUA...

Não foi com surpresa que a comunidade jurídica tomou conhecimento de que o Procurador Geral da República requereu a prisão imediata dos réus do “mensalão” e menos surpresa será se o “midiático” Ministro Joaquim Barbosa deferir tal pedido. Esse processo já provocou tantas lesões ao Direito, que uma a mais não fará diferença, a não ser, é claro, para os réus que serão recolhidos, em plenas festas natalinas, o que, sem dúvida, trará incontido êxtase à dupla, acima referida. Para eles, não importa se a decisão condenatória ainda não transitou em julgado, pendente, de dois recursos (embargos de declaração e embargos infringentes), ambos munidos de força processual para suspender os efeitos da sentença condenatória. Para eles, também não importa que os réus, todos vigiados e com seus passaportes apreendidos, nada possam fazer para frustrar o cumprimento da decisão condenatória. Importa, isto sim, é continuar posando de heróis, debaixo dos refletores, dando ao povo, que pede sangue, a sensação de que, finalmente, fez-se justiça. Todavia, o que precisa ser destacado, com um mínimo de isenção e sensatez, é que os preceitos legais devem ser obedecidos, porque são eles a garantia de todos nós. O julgamento do “mensalão”, como sabe qualquer calouro de Direito, inaugurou precedentes perigosos, a colocarem em risco o bem maior do homem, que é a sua liberdade. Apenas para agradar a Imprensa (muitas vezes tendenciosa, como o caso da revista “Veja”) o Supremo, ao invés de resguardar a lei e o devido processo legal, pariu um monstro que, quem sabe, pode engolir a todos, inclusive a Imprensa, sempre a primeira a ser vítima do arbítrio.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012


NATAL COM JESUS

Como acontece todos os anos, a agitação toma conta da cidade. O comércio prevê substancial aumento nas vendas. Multidões buscam o Ibirapuera para contemplarem a enorme árvore de Natal, instalada nas proximidades do lago. Fala-se, por todos os cantos, no Natal e até no “espírito do Natal”, apesar de a maioria não saber bem o significado de tal expressão. Na verdade, nesta grande festa, há um grande ausente, cujo nome, a não ser por poucos, não é lembrado: Jesus. E a grande contradição é que Ele, o Messias, o Enviado de Deus, sempre desprezou honrarias. Nasceu e viveu pobre e sua missão voltou-se, prioritariamente, para os desafortunados, Seu reino não possuía nem ouro, nem espada e, em sua pregação, postulava pela paz e pela solidariedade, talvez os dois substantivos mais ausentes nos dias atuais. A própria região, onde Cristo viveu, outrora chamada “Terra Santa”, é palco de sangrentas e constantes batalhas, porque Israel se nega a reconhecer a existência do Estado Palestino. Entre nós, o desrespeito pela vida humana semeou o ódio e o medo e nada disto se apaga apenas porque, em um único dia do ano, desejamos “feliz Natal”, a quem está ou vive próximo a nós. E os rancores, que nos corroem, nos demais dias do ano? E os pobres, que evitamos nos demais dias do ano? Na verdade, muito mais importante do que o presente que trocamos, que nenhuma simbologia guarda com o gesto dos “Reis Magos”, é introduzirmos Jesus nesse e em todos os dias de nossas vidas, exercitando o maior legado por Ele deixado: o exercício constante da solidariedade, sem a qual a vida não significa senão inútil passagem.