terça-feira, 31 de julho de 2012

A “Comissão da Verdade”, criada pela Presidência da República, bem que poderia se chamar “Comissão da Mentira”, porque pretende apurar abusos perpetrados, “a partir de 1946”. Ora, como sabe qualquer medíocre estudante de história do ensino fundamental, o ano de 1946 marca a redemocratização do Brasil, após a truculenta ditadura Vargas que perdurou, entre 1930 e 1945. De se recordar que o “Estado Novo”, erigido em 1937, seguiu o modelo nazi-fascista, que encantou os ditadores da época, dentre os quais, com destaque, Vargas, com sua feroz Polícia Especial, comandada por Filinto Muller. Com a vitória aliada, em 1945, Vargas não se manteve, porque os ventos da liberdade, soprados por aquela vitória não mais deixavam espaço para o arbítrio. De 1946 a 1964, a democracia reinou razoavelmente tranqüila. Dutra (1946 a 1950), que fora um dos heróis da FEB, eleito Presidente, orgulhava-se – e ao Brasil de governar com a Constituição debaixo do braço. Em 1951, Getúlio retornou, mas, manietado pela liberdade de imprensa, como não sabia governar sem a arma da opressão, acabou se matando. Seguiu-lhe Juscelino liberal, quase libertino, perdoou revoltosos e entregou o governo a Jânio, ditador de botequim que, sem respaldo para exercer o arbítrio, nem mesmo completou a primeira gestação. De se concluir, pois, que, de 1946 até 31/03/1964, quando Jânio e seus pelegos foram apeados do poder, nada há a apurar. Assim, a tal “Comissão”, formada, essencialmente, pela nata da esquerda, parece não ter outro objetivo senão investigar os Governos Militares, dando margem à revisão da Lei da Anistia e reabrindo dolorosa ferida já cicatrizada. O passado – ensina o poeta – é como os mortos, que precisamos enterrar para continuarmos vivos. Não lhe parece que tudo isso não passa de um pano escuro, para esconder todas as falcatruas, de ambos os lados, que estão emergindo?

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